sábado, 23 de maio de 2020

A ÚLTIMA CEIA - SALVADOR DALI

Como outros quadros religiosos de Salvador Dalí, A Última Ceia provoca amplas reações: alguns críticos, a denunciaram como fútil e banal, enquanto outros acreditam que o artista conseguiu revitalizar a imagem tradicional da devoção.

As controvérsias se complicam pela consciência pública de Dalí como uma personalidade aparentemente mais interessada em jogos intelectuais e emocionais do que na expressão de convicções autênticas.

Jesus e seus doze apóstolos estão reunidos numa sala modernista envidraçada. Os apóstolos, com as cabeças baixas, ajoelham em torno de uma grande mesa de pedra, sua forma sólida contrastando com a transparência de Cristo. Dois pedaços de pão e meio copo de vinho representam a refeição sacramental.

Dalí construiu este quadro de acordo com os princípios matemáticos derivados do seu estudo do Renascimento, e Leonardo da Vinci, que pintou a mais famosa das Santas Ceias, é uma influência particularmente forte. Com um gesto bem parecido com o afresco de Leonardo da Vinci, Jesus aponta para o céu e para a figura, talvez o Espírito Santo, cujos braços se estendem para abraçar o grupo.

Como na apresentação harmoniosa dos esquemas do Renascimento, a composição de Dalí está claramente dividida: ação de primeiro plano e cenário de fundo. A colocação de homens ao redor da mesa é simétrica, a mesma figura repetida em perfeita imagem de espelho em ambos os lados de Cristo. Além disso, toda a imagem é construída de acordo com índices matemáticos complexos inventados por cientistas do Renascimento e por filósofos gregos antigos como Pitágoras.

Dalí explicou a dependência deste elaborado padrão geométrico logo após completar nove meses de trabalho na pintura: “Queria materializar o máximo de instantâneo luminoso e pitagórico baseado na comunhão celestial do número doze: doze horas do dia – doze meses do ano – doze pentágonos do dodecaedro – doze signos do zodíaco ao redor do sol – doze apóstolos em torno de Cristo”.


Fica Técnica:

A Última Ceia, 1955, Salvador Dali, óleo sobre tela, 166.7 x 267 cm, Galeria Nacional de Artes de Washington, Estados Unidos.

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