sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ANTETEMPO

PRESSINTO:
É CEDO PARA DIZER
O QUE SINTO.

ACROMANIA

- VOCÊS POETAS SÃO LOUCOS!
  FALAM COISAS QUE NINGUÉM ENTENDE, QUE NÃO EXISTEM
  E FICAM MUDANDO OS SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS.

- SOFREMOS DE UM NEOLOGISMO CRÔNICO.

- PARECE SER ALGO GRAVE. POR ACASO É CONTAGIOSO?

- SIM.

- AFASTA-TE PARA A LONGITUDE DO HORIZONTE,
  NÃO QUERO PROVER TAL LOUCURA!
  FIQUE PARA ALÉM DO POENTE ALARANJADO...

- NÃO TEM MAIS CURA.

00H53MIN

SONO...
SON...
SO...
S...
SO...
SON...
SONH...
SONHO...

(A)MAR

VOCÊ AMO!

SOU RIO.

CORRENTE ESSA
QUE AFLUI EM TI.

COM VOCÊ QUERO
SÓ MAR.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

FINAL

O MITO DA CAVERNA

O mito ou “Alegoria” da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da Filosofia, sendo parte constituinte do livro VI de “A República” onde Platão discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal.

A narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa, ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades.

Imaginemos agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.).

Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.

Este modo de contar as coisas tem o seu significado: os prisioneiros somos nós que, segundo nossas tradições diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é o mundo ao nosso redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os conceitos, formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos, pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para entender e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O inteligível é o reino das matemáticas que são o modo como apreendemos o mundo e construímos o saber humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao homem conhecer e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o confundiu com Deus).

Portanto, a alegoria da caverna é um modo de contar imageticamente o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para entenderem, já que, pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.

Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP


NA PRISÃO, JOVEM QUE TRANSFORMOU DOR EM POESIA GANHA CONCURSO


Na prisão, ele conquistou sua liberdade. Deu asas às palavras dentro de uma cela pequena e escura, que dividia com mais 31 pessoas.  “Lá, um papel e uma caneta são os melhores passatempos que tem”, afirma. Tamanho esforço lhe rendeu um prêmio de redação, uma apresentação no teatro e uma improvável segunda chance. Para o protagonista da história, um ex-presidiário de apenas 22 anos, suas 30 linhas de texto  lhe deram também a oportunidade de inventar um novo roteiro para sua vida.

“Eu não sabia o que aquele texto podia me dar. Aqui fora, para a gente conquistar algo, leva muito, muito tempo mesmo”, afirma o jovem, morador de Ceilândia. O rapaz, que teme revelar o nome por conta do preconceito, conta ainda que ficou oito meses preso, por causa de uma suposta receptação de carro roubado. “Era para eu ficar mais tempo, mas eu comecei a participar dos projetos lá dentro, e isso, aos olhos do juiz, me favorecia para diminuir a pena”, lembra.


Planos

Hoje, W.S., como quis ser chamado, é motoboy em um supermercado de Ceilândia. “Não é ainda o que eu quero para a minha vida. Mas topei o primeiro emprego que apareceu para ver minha mãe feliz. Ela foi a única pessoa que me visitou no tempo em que eu estive preso e eu imagino o sofrimento dela me vendo lá. Tinha que dar ao menos esse orgulho para ela”, diz o jovem, que também não pretende virar um escritor profissional.

“Eu escrevia lá dentro porque era a única coisa que podia me salvar. Fiz o texto que venceu o concurso visando sair de lá. Eu nem sabia que podia escrever aquilo, mas o tema me chamou a atenção. Era ‘Copa, Eleições, Conscientização e Alienação’. Foi por isso que deu certo. Nosso país é muito injusto. E, vou te falar, o único órgão que apoia a ressocialização mesmo é a Secretaria de Educação. A de Segurança parece que só quer aumentar a raiva entre presos e policiais”, diz.


Educação venceu no jogo contra o crime

O final do texto, que lhe rendeu também R$ 700, revela a nova página escrita em sua história. “Se você está ouvindo esse poema que foi escrito dentro da prisão, é porque no jogo contra o crime quem ganhou foi a educação”, mostra.
O jovem, de voz serena e olhos claros, lembra ainda dos piores dias que passou dentro da cadeia. “Toda sexta-feira é tensa. É dia de acerto de contas. As visitas levam recado dos caras que estão fora. E os caras de dentro mandam recado para quem está fora. Aí, volta e meia, é briga, porrada”, conta. 
E objetos que são comuns para o cidadão, segundo ele, são proibidos dentro da prisão, como uma caneta, por exemplo. “Se for vermelha, não pode. Eles acham que você pode fingir um sangramento, algo assim. Por isso, você só pode usar caneta nas aulas mesmo, com autorização. É uma coisa normal para as pessoas aqui fora. Mas, quando você está preso, aprende a valorizar um pedacinho de papel”, ressalta.


“Rap consciente”

No Brasil do futebol, onde a corrupção já é normal
Protestos e escalações dividem as notícias do jornal
Onde os técnicos escalam os melhores pra jogar
E o povo sofre para eleger os piores para governar
A disputa para saber quem vai ser o novo craque da bola
Esconde os rostos das crianças que no crack jogam a vida fora
E se no ano de Copa e Eleição o Brasil levantar a taça
Já sabemos esse roteiro, a política sempre disfarça
E o governo dos hospitais que estão caindo ao pedaço
Se reelege por ter construído estádios de concreto e aço
Mas, se às vezes em campo fomos também envergonhados
Pode ser que haja uma chance
Do nosso Brasil ser mudado
Se um dia as televisões forem todas desligadas
E muitas mentes brasileiras deixarem de ser alienadas
Aí, sim, o nosso Brasil vai ser um país mais de opinião
Se perder, é claro, o hexa campeão
A diferença entre o meu crime e dos políticos do Senado
É que no meu julgamento
Um inocente foi condenado
E se você está ouvindo esse poema
Que foi escrito dentro da prisão
É porque no jogo contra o crime quem ganhou foi a educação.

Saiba mais
O Prêmio entregue a W.S. faz parte do V Concurso de Redação e Desenho, do Sindicato dos Professores (Sinpro) em parceria com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap). Neste ano, o tema foi A Escola Pública que eu quero.  
Ao todo, 2.496 redações e desenhos foram entregues pelos estudantes.

ARTISTAS ‘PICHAM’ POESIAS EM MUROS PARA ESTIMULAR LEITURA EM GUAXUPÉ

Artistas ilustram muros com poesias e artes em Guaxupé (Foto: João Paulo de Jesus Silva)

Para ‘quebrar’ a rotina da cidade, os amigos João Paulo de Jesus Silva e Marcos Paulo dos Santos criaram uma prática pouco comum em Guaxupé (MG). Com tintas e inspiração, eles picham alguns muros da cidade por meio do projeto batizado como Pixo Poético, que de acordo com eles, colore os ambientes cinza e incentiva a leitura.

“Queremos levar algumas mensagens positivas para as pessoas que muitas vezes, por causa da correria do cotidiano, não tem acesso ou desconhecem as poesias. Queremos provocar reflexões em quem lê as mensagens, despertando novos olhares para o mundo e incentivando a leitura”, resume cinegrafias, João Paulo, também conhecido como Kiko.

Mas este não é o único projeto desenvolvido por ele na cidade. Criador do coletivo Cultivo Hip-Hop e entusiasta da cultura, ele realiza mensalmente a roda de break na praça central do município, seguida por um sarau e sorteio de livros de literatura marginal, também a fim de estimular o gosto pela leitura.

Queremos levar algumas mensagens positivas para as pessoas que muitas vezes, por causa da correria do cotidiano, não tem acesso ou desconhecem as poesias"
Kiko, criador do  Pixo Poético

“A ideia surgiu em uma conversa com um amigo sobre a falta de arte de rua em Guaxupé, que vive muito sobre cores de partidos políticos a cada administração que entra e deixa a cidade sem vida, sem graça. Por isso tivemos a ideia de levar as poesias para os muros, acompanhadas de ilustrações, para dar mais cor, arte e vida aos moradores”, completou.

E foi desta maneira que alguns muros – negociados com os proprietários previamente - ganharam as poesias de Sérgio Vaz e Ni Brisant, ambos poetas da literatura marginal/periférica, escolhidas a partir da visão dos idealizadores do projeto. “Após escolhermos os trechos que vão para os muros, o Marcos Paulo desenvolve um desenho para ilustrar e assim dá mais facilidade para as pessoas entenderem”, disse Kiko.

Quem vê, se encanta com a arte, como a dona de casa Elza de Lourdes Pelegrino. “Eu sou apaixonada pela poesia do Sérgio Vaz e quando vi no muro, achei muito lindo. Me deu vontade de ter no meu também”, destacou.

Frases de autores da literatura marginal são escolhidas pelos artistas (Foto: João Paulo de Jesus Silva)

Para o artista, o projeto é a oportunidade de fazer algo diferente, não apenas em termos de cultura para o município, mas também enquanto grafiteiro. “Eu me sinto livre ao fazer o Pixo Poético. É totalmente diferente dos outros grafites, pois neste caso há uma mescla de arte com literatura, escolhemos as frases e bolamos a arte, ou vice-versa, mas existe um trabalho que é elaborado previamente, sempre com um contexto crítico sobre a sociedade”, considerou Marcos Paulo.

E não existe limite para a arte criada pelos jovens.  Questionados sobre a quantidade de muros que podem ganhar as poesias, eles são diretos: “Enquanto tiver poesia, muro e tinta, estaremos espalhando a mensagem na cidade”.

ARTE URBANA: BAMBI, A VERSÃO FEMININA DE BANKSY?


O estêncil é uma intervenção de arte urbana que leva muito pouco tempo para ser realizada. Esta consiste em pintar sobre um muro uma silhueta feita sobre uma matriz. Apesar de suas origens remontarem a Roma antiga, foi durante os anos 60 que alcançou maior visibilidade, particularmente nos Estados Unidos.

Na década de 80, este tipo de arte urbana começou a aparecer nas ruas parisienses graças a Blek le Rat, o “pai do estêncil”. Hoje, um dos principais expoentes desta arte é o britânico Banksy.

Com sua identidade oculta e sendo muitas vezes procurado pela polícia - que muitas vezes apaga suas obras -, Banksy tem realizado trabalhos em Nova Iorque e Londres. Seguindo este estilo, nos últimos anos surgiu Bambi, que já é considerada por alguns como a “versão feminina de Banksy”.

O jornalista da BBC, David Dimbleby, foi um dos primeiros a comparar Bambi a Banksy. O fato de ambos trabalharem no anonimato, deixando seus estêncis como verdadeiras surpresas para os cidadãos, fazem com que as associações sejam inevitáveis.

Segundo o pouco que se conhece de Bambi, principalmente através de sua agente, a artista prefere manter sua identidade oculta por questões de segurança e por ter, assim, maior liberdade criativa. Seu trabalho é considerado vandalismo pela polícia britânica, assim como o de Banksy, que teve, apenas este ano, mais de 40 obras apagadas.

Bambi começou a pintar seus estêncis há cinco anos na região norte de Londres. Entre as dezenas de obras que realizou, três em particular nos permitem conhecer um pouco mais de seu foco.

A primeira delas é “Hero Zero”. Nela é possível ver um homem junto a um cachorro que representa os soldados britânicos que retornaram do Afeganistão. O aspecto agressivo do homem se explica, segundo o jornal The Guardian, por este soldado ter retornado mentalmente instável.

Hero Zero

A segunda, “Rude Pope”, mostra o Papa Bento XVI fazendo uma saudação com os dedos incomum a um sacerdote.

Rude Pope

Finalmente, o terceiro trabalho mais conhecido de Bambi não é uma crítica social nem uma ironia, mas uma homenagem à cantora Amy Winehouse.

Amy Winehouse

Mesmo que o trabalho de Bambi tenha iniciado nas ruas, recentemente suas obras têm frequentado galerias de arte, um fato criticado por alguns, mas visto, por outros, como parte do processo pelo qual está passando a arte contemporânea.

Veja a seguir alguns outros trabalhos de Bambi.








EREMITA E A AMBIÇÃO

Na China antiga, um eremita meio mágico vivia numa montanha profunda. Um belo dia, um velho amigo foi visitá-lo. Senrin, muito feliz por recebê-lo, ofereceu-lhe um jantar e um abrigo para a noite.

Na manhã seguinte, antes da partida do amigo, quis ofertar-lhe um presente. Tomou de uma pedra e, com o dedo, converteu-a num bloco de ouro puro.

O amigo não ficou satisfeito. Senrin apontou o dedo para uma rocha enorme, que também se transformou em ouro.

O amigo, porém, continuava sem sorrir.

- Que queres, então? - indagou Senrin.

Respondeu-lhe o amigo:

- Corta esse dedo, eu o quero.

NO RHYME OR REASON BUT SLAM POETRY IS THE VOICE OF FREEDOM

Freedom of expression: Melbourne Girls College students, from left, Sophie Townsend, Stella Bourne and Nicola Braslis write about human rights for their performance poems. Photo: Carla Gottgens, Melbourne Writers Festival

There's hooting and hollering, raucous laughter and occasional tears, yelling and clapping, standing ovations and rowdy audience participation. Could this bethe same form of expression beloved of Plath and Wordsworth? Well, yes, it's poetry - but not as you know it. It's the theatrical world of slam poetry which rips verse off the page of stuffy academic textbooks and plants it firmly in your face.

Young people in particular love it. "Slam gives you more freedom of speech which is great because you can put your words together with more meaning," said 14-year-old Nicola Braslis, a year 8 student from Melbourne Girls' College who will be performing in the Victorian final of the Australian Poetry Slam championship next Friday in a team with fellow students Stella Bourne and Sophie Townsend.

The girls tried their hand at slam poetry after a school workshop by Melbourne slam poet Emilie Zoey Baker and went on to win the inter-schools competition OutLoud! at the recent Melbourne Writers Festival. In their winning poem they penned about human rights, the three performed different lines, sometimes speaking over each other to illustrate the world's failure to listen to young voices.

"I watch slam poetry on Youtube now and I find it very empowering," Nicola said. "Poetry to us before this was mainly just normal structured work and words that you had to put with syllables and stuff like that. This was more free so you can express it much more deeply. I do think we would probably all go and watch slam poetry now whenever it's around."

The competitive performance element of slam poetry evolved in Chicago in 1984 when poet and construction worker Marc Smith created a weekly event at a jazz club. The concept spread across the US and then the world. A spoken word movement was born, which slowly made its way to Australia in the late '90s.

Poets performing in the Australian Poetry Slam championship are limited to two minutes and in keeping with the democratic tradition of the slam movement, five judges are randomly chosen from the audience and deliver their verdicts with score cards. Poems must be original and there are no props, costumes or music allowed.

Miles Merrill, the man who brought slam poetry to Australia and founded the Australian Poetry Slam in Sydney a decade ago, was fittingly born in Chicago like the movement itself. He turned to performing poetry after deciding his voice would never be heard in acting. "I kept auditioning as an actor and the director would say, 'Sorry, but the lead character's not black but we've got you down as janitor one, janitor two or the Indian guy,'" he said. "That's when I realised that anything going on inside of me would never actually be heard or revealed unless I wrote it myself and poetry seemed one of the most immediate forms that helped me bypass the gatekeepers and connected me directly with other human beings."

The energy of the performance aspect differentiates slam events from traditional poetry readings. "At a poetry reading, you occasionally see people just staring at the floor mumbling into the microphone reading from a piece of paper for 20 minutes in a really self-indulgent way," said Merrill. "What this does is put the audience first."

Politics in general and a conservative government in particular always provide good fodder for poetry of protest but Merrill says the best work has more of a poignant personal perspective than simply a political message. "There is lots of imagery, lots of metaphor." He has some advice to poets aspiring to make their slam debut: cut out the unnecessary words, try to paint a picture of action, memorise it so you can look the audience in the eye, steer clear of sticking to a rhythm and try to have a conversation with the audience through your poem.

There's a crossover between the mainstream world of rap and hip-hop to the more marginalised world of poetry but Merrill insists the latter has influenced the former, not the other way around. Lyricists are writers who ultimately want their words to be heard so many dabble in the spoken word environment of slam poetry. "Some people in the hip-hop community actually want their words and concepts to be first and foremost so what they are doing is saying turn off the beats, I am going to speak this. It's also a way of dissociating themselves from what can often be a misogynistic and materialistic series of themes within the hip-hop community."

But slam poetry is not all about free verse. Traditional poetry has also found a place in the slam format. One of the state finalists performing next Friday is Mike Cleeland, a 55-year-old bush poet and former shearer from Phillip Island who lists his inspirations as Banjo Paterson and Henry Lawson. He had never participated in a poetry slam before earning a state finals berth at his Wonthaggi heat. "I really had no idea of what to expect and it was definitely not your typical Tuesday afternoon in the library but I was particularly impressed by some of the young people who produced some very good literature and brought all their friends along as well," Cleeland said.

His poem, Sensitive New Age Shearer, explores the changing traditions of Australia's iconic shearing industry. Any event that promotes and publicises poetry and literature can only be a good thing in his view. "I like to play a role in maintaining a tradition in bush poetry and the telling of interesting stories that deserve to be told," he said.

Beaufort artist Elissa Marks, 30, was surprised and delighted to make the state final with her poem about "language wizardry" which explores how words are often used quite flippantly to undermine others. After performing in the Ballarat heat, she is an enthusiastic convert of the slam poetry movement. "The spoken word is such a powerful and raw form of expression and poetry is where it is at," she said. "Sometimes I think being a woman it can be hard to get heard in a group so to use spoken word in a monologue is a great way to validate your emotional experience."

The winner of the national final held at the Sydney Opera House will receive an $11,000 trip to China's Bookworm International Literary Festival and the Ubud Writers and Readers Festival in Bali but Marks isn't in it for the glory. "Ballarat is not really the spoken word capital of Australia so I don't have high hopes but I'm excited to be part of it and get my emotions heard and be inspired by others," she said. 

The Victorian state final of the 2014 Australian Poetry Slam will be held at the State Library of Victoria, 328 Swanston Street, on Friday, September 12 from 7pm-9.30pm. Online bookings: slv.vic.gov.au/event/poetry-slam or 8664 7099. Admission is free.

VERSANTE

AGE COM DESENVOLTURA,
DE PREFERÊNCIA EM LUGARES LOTADOS.
DE CANETA E PAPEL SEMPRE À MÃO:
NÃO SAI DE CASA DESARMADO.

NO MICROFONE COM PEITO ABERTO,
UMA VOZ QUE NÃO QUER CALAR.
MENTE CARREGADA DE IDEIAS
E PREPARADA PARA ATIRAR.

EXPERIÊNCIAS, DEVANEIOS E FATOS
DESFERIDOS NO OUVIDO POR MEIO DE ONDAS SONORAS,
TORNANDO OS OUVINTES MAIS SENSATOS
SOBRE O QUE ACONTECE MUNDO AFORA.

UMA MENTE ALVEJADA PELAS PALAVRAS
DO POETA, ESCRITOR VERSANTE,
NÃO SERÁ PREJUDICIALMENTE MODIFICADA,
MAS NADA SERÁ COMO ANTES.

AMOR RADIOATIVO

   ALFA
NA BETA
   GAMA


VOO LIVRE

SE TEM ASAS
CORTE O CÉU
DE LADO ALADO.

AFEIÇÃO

AGASALHEI-A
COM MEUS BRAÇOS.

ELA RECOSTOU A CABEÇA
NO MEU PEITO COM CALMA.
MEU CORAÇÃO PAROU DE BATER

E COMEÇOU A ACARICIÁ-LA.

ASSALTO

- POETA, COM ESSE SEU BEIJO
  VOCÊ VAI ACABAR
  ROUBANDO O MEU CORAÇÃO.

- ROUBEI
     JÁ, 
     FLOR.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

FLORESCER

A IGNORÂNCIA
É COMO O ASFALTO,
QUE NÃO DEIXA
A FLOR NASCER.

ESTUDAR
É IRROMPER
ESTA ESTRUTURA
E O SABER OBTER.

RESPIRAR,
SENTIR O VENTO
E SE VER LIVRE
DOS PRECONCEITOS.

DESPAVIMENTAR
A NOSSA MENTE
QUE FOI HERMETIZADA
DURANTE NOSSO
CRESCIMENTO.

UM DIA
OUVI UM FORTE SOM
COMO O DE UMA BRITADEIRA.

ERA A FILOSOFIA,
QUE ROMPIA A CAMADA
DE PETRÓLEO E AREIA.

ME AJUDANDO A SAIR DO BURACO
NO QUAL ESTAVA PRESO.
ME AJUDANDO A FLORESCER
E A OBTER CONHECIMENTO.

ERA UMA VEZ

ERA UMA VEZ
UMA TERRA LONGÍNQUA,
DESPROVIDA DE ESCASSEZ.
UMA TERRA ONDE A INSPIRAÇÃO NÃO MÍNGUA,
RELATO ISSO A VOCÊS.

OS QUE ALI HABITAVAM
REFUTAVAM A BUSCA INCONSEQUENTE
POR BENS MATERIAIS,
PREZAVAM A EXPRESSÃO DOS PENSAMENTOS
E A BUSCA DE RESPOSTAS
PARA QUESTÕES EXISTENCIAIS.

ERA UMA TERRA ONDE PESSOAS
ENCANTAVAM E PRESENTEAVAM AS OUTRAS
COM SUAS ATITUDES E COMPOSIÇÕES POÉTICAS.
POESIAS PERMEADAS DE PUROS SENTIMENTOS,
METÁFORAS E OUTRAS FIGURAS DE LINGUAGEM
QUE VERTIAM DE SUAS MENTES FRENÉTICAS.

ERA UMA TERRA ONDE O ALTRUÍSMO
ERA SEMPRE ENSINADO PARA AS CRIANÇAS,
PARA QUE UMA VEZ TENDO CRESCIDO
REFUTASSEM O SENTIMENTO DE INTOLERÂNCIA.

ERA UMA TERRA FANTÁSTICA
QUE FOI CRIADA POR UM POETA,
MAS QUE NÃO ERA DE TODO IMAGINÁRIA,
POIS ELE DE CERTO MODO VIVIA NELA.

UM DIA

UM DIA EU DESCOBRI
QUE AS NUVENS NÃO SÃO FEITAS DE ALGODÃO,
QUE O CÉU NÃO É AZUL PORQUE REFLETE O MAR,
É POR CAUSA DO FENÔMENO DE REFRAÇÃO.

UM DIA EU PERCEBI
QUE NAS MELHORES RELAÇÕES SOCIAIS
AJUDA-SE SEM ESPERAR ALGO EM TROCA,
E QUE ISTO NOS TORNA MAIS ÉTICOS
DO QUE UM DIA A GENTE FORA.

UM DIA EU ACREDITEI
NA ETERNIDADE DO AMOR,
MAS NÃO MUITO TEMPO ELE PERDUROU,
NUM DIA QUALQUER A FANTASIA FINDOU
E O TEMPO SE ENCARREGOU DE CURAR A DOR.

UM DIA EU PERCEBI
QUAL É A MINHA VERDADEIRA RIQUEZA,
SÃO MEUS IDEAIS, FAMÍLIA E AMIG@S,
NÃO PRECISO DE STATUS DE REALEZA.

UM DIA EU PERCEBI
QUE NÃO SEREI TOTALMENTE FELIZ
ENQUANTO HOUVER TANTA GENTE SOFRENDO,
MAS TAMBÉM NÃO POSSO VIVER TRISTE,
FELICIDADE É NECESSÁRIA PARA CONTINUAR VIVENDO.

UM DIA EU PERCEBI
QUE MEU CONHECIMENTO SERÁ O MEU LEGADO,
REFLITO E ME EXPRESSO POR MEIO DA ARTE,
NÃO ACUMULO MATÉRIA COM VALOR AGREGADO.

MONOTONIA

A MONOTONIA QUERIA FAZER PARTE
DO MEU COTIDIANO,
DEVORAR MEU TEMPO,
DIA APÓS DIA, ANO APÓS ANO.

"TRABALHE PARA VIVER
VIVENDO A TRABALHAR.
ESTUDE SOMENTE UMA GRADE CURRICULAR
A FIM DE SE GRADUAR.

VIVA UMA VIDA SEM DESENVOLVIMENTO
NEM BUSCA DE RESPOSTAS PARA SUAS QUESTÕES,
VIVA NA RESIGNAÇÃO E ACOMODAÇÃO,
E SEJA INDIFERENTE QUANTO ÀS REVOLUÇÕES."

REPLIQUEI QUE SUA EXISTÊNCIA
PARA MIM ERA UMA LÁSTIMA.
POR QUE VIVER UMA VIDA MONÓTONA
SE POSSO VIVER UMA VIDA FANTÁSTICA?

DO CADERNO PARA AS GARRAFAS, ELA PASSOU A FAZER POESIA PARA EMBRIAGAR

Aos 23 anos, Thaynara resolveu unir as palavras ao vidro das garrafas para vender a ideia de "Beba poesia, fique poetizado". (Fotos: Marcelo Calazans)

Aos 13 anos Thaynara Rocha Lima despontou para a poesia. Aos 23, resolveu unir as palavras ao vidro das garrafas para vender a ideia de "Beba poesia, fique poetizado" como forma de divulgar a arte que criou a partir das frases.

A ideia é recente e veio para eternizar e multiplicar os versos. Quando voltava de um churrasco de família, em maio, ouviu da avó que o montante de vidro ia para o lixo. "Não, não, eu disse. Na hora eu nem tinha ideia do que fazer, mas tinha que reciclar ela", explica. Em casa, a inspiração chegou no dia seguinte, logo começaram as colagens.

"Pego a garrafa, lavo e às vezes colo poesia inteira, com papel mesmo. Outras vezes colo pedaços de revista, de jornal, uso barbante, também tecido, lantejoulas..." Assim como nas frases, a criatividade também influencia nos materiais.

As garrafas, de long neck e 600 ml são vendidas por R$ 10 e R$ 20 respectivamente e vem acompanhadas de uma rosa. Trabalho de artesanato no vidro e nas palavras. "Muitas pessoas que converso falam que sentem vergonha de mostrar o que escrevem. Eu nunca tive, como vou ter vergonha de mostrar esta forma de expressão tão íntima, mas tão linda porque possui um pouco do que cada pessoa deixou quando passou por mim", descreve Thaynara.

As garrafas ganham customização de jornal, revista, lantejoulas.

Paralela à venda das poesias engarrafadas, ela passou parte dos versos do caderninho verde, que guarda há uma década, para a página Toda Poesia, no Facebook.

Hoje acadêmica de Direito, desde criança Thaynara se define como muito pensativa. O que os olhos viam, o coração gravava e a mente transformava em letras. "O que mais me inspirava era a natureza, ia praticamente todo o final de semana para a chácara do meu pai. Depois de um tempo, amadureci mais um pouco, pensei mais. Aquilo era inspiração e eu não passava para o papel", recorda. O "estopim", como ela mesmo coloca, foi aos 13 anos, depois da leitura do "Romanceiro da Inconfidência" de Cecília Meireles.

Sem nada dentro, mas com poesias ao redor, ela usa o sentido figurativo para embriagar os leitores.

O ritmo de produção agora precisa atender as demandas dos amigos e de quem vê a arte pelas redes sociais, mas não obedece a uma frequência certa. Quem mexe e vive das palavras não cumpre expediente. Escreve quando a inspiração surge. "É incerto. Hoje eu posso me inspirar numa história, pessoa, olhar e escrever", tenta explicar a jovem. 

Thaynara já passou pelo curso de Letras, mas achou massante. Preferiu ficar no Direito por acreditar vivenciar uma adrenalina nos estudos. 

As encomendas geralmente são pela garrafa, não por uma poesia específica. Cada produção tem um processo de ideias. "Nessa garrafa tem olhares, pessoas, isso também me inspira". Para quem quiser se embebedar, o contato da Thaynara é pelo Facebook, na Fan Page "Toda Poesia" e pelo perfil pessoal mesmo, Thaynara Rocha Lima. E a jovem está aberta também a quem quiser ajudá-la na doação de garrafas de vidro, principalmente de 600ml, da marca Heineken.