domingo, 21 de janeiro de 2018

APRENDER POR APRENDER

Desde que conheci o termo “polímata”, com Leonardo Da Vinci, meu desejo de me aventurar pelas diversas áreas do conhecimento só tem aumentado. Num mundo de especialistas, me torno cada vez mais deslocado.

Não é que uma pessoa que goste muito de uma área não deva seguir, exclusivamente, por este caminho, mas, às vezes, penso que isto está mais ligado com um possível retorno financeiro do que com o prazer do conhecimento e exercício de tal atividade.

Diferentemente destas pessoas, não penso que o polimatismo (ou polimatia) seja uma perda de tempo, quer dizer: Por que uma pessoa cujo estudo formal é Ciência da Computação iria se interessar pelo Renascimento? Bom, no meu caso, o ato de aprender em si já é uma grande fonte de satisfação, independentemente da possibilidade de haver uma grana envolvida ou não, a curto ou longo prazo.

Foi assim com a poesia, pois, apesar de já ter publicado dois livros, não me vejo trancado em um quarto, forçando-me a escrever algo que agrade os meus possíveis leitores para encher os bolsos de alguma editora. A poesia surgiu para mim como algo natural, de forma livre, eu apenas a deixo fluir. O mesmo acontece com qualquer tipo de arte que eu crio.

Muitas vezes, pode ser frustrante tentar aprender/exceder em algo, pois encontramos uma dificuldade tão grande que faz parecer impossível. Então pensamos que não vale a pena, porque não haveria um retorno desejado. Por exemplo, um advogado tentar entender física quântica.

A neurociência afirma que o ato de aprender, seja lá o que for, está intimamente ligado com as reações físico-químicas que ocorrem no nosso cérebro, nos tornando mentalmente mais saudáveis e fazendo com que aproveitemos melhor cada momento da vida. Além disso, o nosso nível de cultura aumenta de forma exponencial.

Penso que: Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Neruda, mas isso não a impede de escrever. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Charles Darwin, mas isso não a impede de estudar biologia. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Jimi Hendrix, mas isso não a impede de aprender a tocar violão ou guitarra. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Galileu Galilei, mas isso não a impede de estudar astronomia. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Chopin, mas isso não a impede de aprender a tocar piano. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Sartre, mas isso não a impede de filosofar. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Tony Hawk, mas isso não a impede de aprender a andar de skate. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Bauman, mais isso não a impede de estudar sociologia. Pode ser que uma pessoa nunca se torne uma Marie Curie, mas isso não a impede de estudar química. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Magnus Carlsen, mas isso não a impede de aprender a jogar xadrez. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Van Gogh, mas isso não a impede de aprender a pintar. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Ramanujan, mas isso não a impede de aprender matemática. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Einstein, mas isso não a impede de aprender física. Pode ser que uma pessoa nunca se torne um Alan Turing, mas isso não a impede de aprender computação. Enfim, as referências são muitas.

Felizmente, por escolher levar a vida de forma consideravelmente simples, dificilmente saio da linha quando o problema é dinheiro para gastar com algo. Para mim, é uma questão de subsistência. Por isso, aprendo tudo que aprendo, faço tudo que faço, e ainda tento disponibilizar para o máximo de pessoas possível de forma democrática.

Tudo isso é algo que não pode morrer comigo. Vai que, algum dia, sirva de inspiração para alguém, e ela possa exceder onde eu não tive a capacidade para tal. É assim que a humanidade se edifica e constrói o palácio do conhecimento onde reside, com alguns assentando os alicerces para que outros continuem a levantá-lo.

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