sexta-feira, 12 de junho de 2015

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ABORTO

O aborto é um tema muito abrangente que abre um grande leque para debates acerca de várias questões; sobre o que é o aborto, sobre suas causas, sobre questões éticas, sobre questões sociais, sobre o direito da mulher, sobre violência, etc. É um tema sobre o qual estive pesquisando e estudando materiais dos mais variados dos que se dizem a favor ou contra o direito da mulher ao aborto, para que assim, eu pudesse formar uma opinião sobre o assunto baseado na realidade e não em opiniões infundadas.

Analisei várias estatísticas e verifiquei que é muito, muito alta a taxa de abusos que as mulheres sofrem diariamente no mundo todo. Fiquei até um tanto abismado ao ver a quantidade de crianças e adolescentes que constavam nestas pesquisas. Muitas destas estavam organizadas de modo a focar também nas classes sociais que tais vítimas estavam inseridas, e logo fica constatado que a maior parte dos abusos são contra mulheres de baixa renda. Estas que, muitas vezes não sabem como proceder e não podem recorrer a um atendimento médico de qualidade, seja por causa do preconceito que poderá sofrer por parte da equipe médica, seja por uma falta de conhecimento sobre o assunto, e acabam realizando um aborto de risco com a ingestão de medicamentos abortivos ou abortos clandestinos, que é a maior causa de mortalidade das mulheres que praticam o aborto, devido as dependências insalubres e equipamentos não recomendados para que o procedimento seja feito de forma segura.

Uma questão bastante abordada é sobre o início da vida. Há os que dizem que a vida tem início logo após a concepção, há os que dizem que a vida tem início a partir do desenvolvimento da capacidade cerebral do feto, enfim, diversas opiniões que devem ser analisadas utilizando-se de um senso crítico e não baseadas em preceitos dogmáticos e religiosos como verificado no documentário ‘Blood Money – Aborto Legalizado’, onde uma bancada religiosa criminaliza o aborto, em qualquer ocasião, até mesmo quando há risco de morte para a gestante.

Com base neste tema delicado que é o aborto, penso que deve haver uma reflexão profunda antes de se formar qualquer opinião; deve-se pensar na vida da gestante, nas probabilidades de uma gravidez indesejada acontecer – pois métodos contraceptivos não funcionam 100% -, nos casos de estupro, nos casos em que há algum tipo de anomalia genética, também deve-se pensar na estrutura familiar e acima de tudo na vontade da gestante de poder ou querer prosseguir ou não com a gestação, pois afinal, o corpo é dela.

Há os que proferem pensamentos retrógrados referentes a casos de estupro e de gravidez indesejada, se referindo as roupas ou com o discurso “para fazer foi bom”. Isso tudo sem analisar a questão de um ponto de vista crítico, pois, o tipo de roupa que uma mulher usa no seu cotidiano, lazer etc. não justifica um possível abuso. E muitas vezes há a falta de uma educação e conscientização de uma parcela de jovens que praticam o ato sexual.

Acho um absurdo uma mulher que foi abusada sexualmente, sofreu um trauma psicológico e muitas outras coisas horríveis ainda ser considerada culpada por estar nesta situação. E como um casal de jovens ou jovens sozinhas - como ocorre em muitos casos – ficam numa situação onde não têm o mínimo de estrutura familiar ou econômica que suporte o crescimento de uma criança serem obrigadas a prosseguir com uma gestação.

O discurso de alguns é o da vida em primeiro lugar, mas penso comigo, como todos terão uma vida saudável estando inseridos nesta realidade? Deve haver uma grande pressão psicológica, pois, de um lado não há uma estrutura fisiológica, social e econômica adequadas e do outro o direito ao aborto é "demonizado".

Nos estudos é pontuada a seguinte questão: se uma mulher não deseja prosseguir com a gestação ela irá procurar uma forma de realizar o aborto, onde, quem tem dinheiro procura clínicas especializadas e realizam o procedimento de forma segura. Mas, e as mulheres que não têm condições financeiras para arcar com os custos, o que acontece? O aborto clandestino, onde muitas se submetem a práticas desumanas, porque com base em alguns depoimentos, muitas têm receio de procurar o sistema público de saúde, e algumas até já sofreram algum tipo de discriminação por parte dos “profissionais” por optar pelo aborto. Ou seja, quem que tem dinheiro realiza o aborto de forma segura e sigilosa, quem não tem é submetida a um tratamento cruel onde muitas vezes acabam sofrendo com hemorragias internas, cicatrizes físicas e psicológicas, e no pior dos casos, a morte.

O aborto é algo terrível para a mulher, tanto fisicamente quanto psicologicamente, nenhuma delas gostaria de passar por esta situação, portanto, acho que deve haver uma conscientização e reflexão sobre o impacto dele na sociedade, onde o direito ao aborto seguro e gratuito seja algo possível para as mulheres que são vítimas dos abusos nesta sociedade todos os dias.

O direito de a mulher poder optar por um aborto seguro em alguns casos já foi parte de uma conquista pela liberdade de escolha e sobre próprio corpo, mas ainda existe muito mais a ser conquistado.

Também utilizei algumas questões sobre Abortion do ELS Discussions para refletir sobre o assunto.

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