quinta-feira, 2 de junho de 2016

O UNIVERSO PARALELO DOS ZINES - MÁRCIO SNO

O meu contato com o Márcio Sno se deu por conta do meu zine PROTESTIZANDO #5...

Lembro que estava fazendo a divulgação dele nos saraus e minha amiga Janaína pegou uma cópia, esta que foi acabar parando nas mãos dele (depois dei outra cópia para ela). Algum tempo depois, ele escreveu um breve texto no Facebook, apresentando o meu trabalho e tudo mais. Esta minha amiga viu e me marcou na publicação. Nasceu uma amizade.

Assim como ele, que foi atrás dos meus outros trabalhos - visto que é um fanático por zines - eu também comecei a pesquisar sobre os seus trampos, e, devo admitir, fiquei maravilhado com o seu conhecimento sobre a cena cultural underground.

O cara já teve contato com milhares de zines, produziu uma série de documentários (a trilogia: Fanzineiros do Século Passado), promove oficinas, palestras e está sempre engajado em projetos que visam levar o conhecimento sobre zines para o máximo de pessoas possível. Além disso tudo, recentemente, adquiri um dos seus trampos, o livro O Universo Paralelo dos Zines, de uma qualidade gráfica e de conteúdo grandiosíssimas.

Me identifiquei muito com as histórias vividas por ele e com muitas das ideias e citações que preenchem as páginas. Senti que, depois da leitura, eu deveria percorrer e discorrer sobre alguns capítulos e tópicos, para complementar as ideias que tenho sobre ZINES, e também para deixar os leitores com vontade de adquirir e ler a obra completa.



LIVRO: O UNIVERSO PARALELO DOS ZINES

No decorrer da leitura, percebe-se que o Márcio fez uma sondagem profunda no que se refere à cena cultural underground, não só do Brasil, mas do mundo todo. A lista de referências é bem vasta.


Das primeiras citações:

“Faça você mesmo, faça pra entender, crie um mundo novo.” – Redson Pozzi

“People create zines to scream out “I exist”.” – Stephen Duncombore

“Enquanto houver rebeldia, transgressão, vontade de mudança, vontade de transformação, vai ter fanzineiro no mundo.” – Elydio dos Santos


Na INTRODUÇÃO, além dele explicar como foi o seu contato com os zines, há um parágrafo com uma citação que eu muito me identifiquei, visto que as ideias abordadas nele foram a base para eu começar a escrever zines e, posteriormente, lançar um LIVRO.

“Escreva um livro. Lance seu próprio disco. Comece a sua rádio, faça seu show, fanzine, coletivo, banda, loja, restaurante, selo, distribuidora... E faça com que o mundo conheça o que você pensa. Pare de se queixar.” – Jim Filth


> ABZ – DICIONÁRIO DO ZINE:

Muito informativo! Há muitos conceitos que eu não conhecia e muitos outros que sempre li e ouvi, mas não sabia o significado.


> ESSE TAL DE ZINE – CONTEXTO HISTÓRICO

“Zines são a antítese da grande mídia.” – Stephen Duncombore

Capítulo muito importante para entender o conceito de (fan)zine e as suas primeiras aparições no Brasil e “around the world”.


> COMO QUE É O NEGÓCIO

Capítulo que explica algumas das características do zine (valor, formato), das pessoas que o fazem (zineiros) e onde fazem (underground). Ainda aborda algumas questões sobre o conteúdo, vantagens e o porquê muitos zines acabam.



> VOLTANDO UM POUCO NO TEMPO

Os primórdios dos zines no mundo e as suas temáticas (músicas, HQs etc). Vale ressaltar que, diferente de hoje, que temos toda a informação numa página da internet, naquela época o esquema era trocar - por correio - fitas cassete, CDs, zines, flyers - e afins - para fazer a informação circular... Era a chamada “rede social analógica”.


> CENÁRIO ATUAL

Com a revolução tecnológica, surgiram adventos como a internet e impressoras superpoderosas que otimizaram o trabalho dos zineiros. Logo, neste capítulo, ele fala um pouco sobre isso e sobre os caminhos seguidos pelos zineiros, pois cada um tem um gosto diferente para confeccionar suas obras, podendo ser físicas e/ou virtuais.



> ZINE VISTO COM OUTROS OLHOS

Neste capítulo, aborda-se a questão do zine como um meio de publicação que, apesar da simplicidade, faz parte do processo de registro da nossa história, e devem ser tratados com maior credibilidade, visto que poderão ser objetos de estudo para as gerações posteriores. Por isso, é levantado um esquema para criação de zinetecas e catalogação das obras - que tem seus prós e contras, devido a algumas dificuldades.

Aqui também é levantado um assunto muito lindo, o de usar o zine como ferramenta pedagógica. O que pretendo fazer futuramente, quando surgir alguma oportunidade.

“É preciso por outro lado e, sobretudo, que o educando vá assumindo o papel de sujeito da produção de sua inteligência do mundo e não apenas o de recebedor da que lhe seja transferida pelo professor.” – Paulo Freire


> COMEÇANDO A PRODUZIR

Além das técnicas que eu já conhecia, aprendi muitas outras. Irei experimentá-las nas futuras edições do meu zine.



Concluindo, a leitura deste livro foi muito agregadora. Recomendo!

A obra pode ser adquirida com o próprio autor ou no site da Ugra Press. Procurem saber!

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