Idoso ficou conhecido entre os passageiros como o 'poeta do busão'.
Aposentado diz que tem cerca de 40 poesias, a maioria, sobre o amor.
Enquanto grandes cidades brasileiras estão enfrentando protestos por causa do transporte público - marcados, muitas vezes, pelos estragos causados por manifestantes, com registros de violência e depredação por onde passam -, em Sorocaba (SP), um aposentado, de 77 anos, procura amenizar os problemas para quem utiliza o meio como transporte diário: Copérnico Martinez, declama poesias durante as viagens.
Filho e neto de poetisas, o aposentado conta que herdou da família o dom da rima e, há 3 anos, decidiu dividir com os passageiros do transporte público de Sorocaba o seu talento. Para tanto, por onde passa o poeta, declama suas próprias composições e os ônibus se tornaram o lugar preferido.
"Hoje eu tenho, mais ou menos, umas 40 poesias de minha autoria, tenho até uma listagem dos títulos, para ter tudo em ordem. Se as pessoas me pedem uma poesia, eu tenho sobre tudo, mas a principal, sobre o amor. Poesia é para qualquer idade. Ela entra dentro da gente, mexe com nossos sentimentos", explica o aposentado.
Para a estudante Mariela Gará a pausa para a poesia de Copérnico traz alegria para o dia. Ela afirma que é um presente para os ouvidos em meio a correria. "Muda completamente o dia. Mexe com os sentimentos e anima. Às vezes, você está triste, indo trabalhar, daí você escuta uma poesia dessas e te anima", conta a estudante.
Poeta do 'busão', como ficou conhecido o aposentado, não carrega livros durante as viagens. Copérnico guarda tudo na cabeça, mostrando tamanha capacitação. Mesmo assim, nos ônibus, ele comenta que enfrenta olhares desconfiados de muitos passageiros, achando que está ali por dinheiro, quando, na verdade, diz ele, não é por isso.
"Já tentaram me dar dinheiro, mas não aceitei, isso não me interessa. Eu declamo as poesias para levar um pouco de alegria no coração das pessoas, eu só quero que elas ouçam. Vocês não sabem o quanto é gostoso receber um aplauso. Deus me deu esse dom e eu nunca vou me calar", ressalta o poeta.
E quando percebem a real intenção, relata Copérnico, muitos passageiros agradecem por ter alegrado, nem que seja um pouco, o dia dos passageiros.
"Conforta a gente, que está tão nervosa com a correria do dia. Essas são as coisas gostosas da vida e o mundo está precisando muito disso", reconhece a dona de casa e passageira do ônibus, Gislene de Oliveira.
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