segunda-feira, 28 de julho de 2014

MAMÃE, HOMENS TAMBÉM PODEM SER PROGRAMADORES?


Você sabia que o primeiro o primeiro grande computador, desenvolvido em 1943, foi programado por seis mulheres? É uma conquista feminina importante, mas que a história esqueceu. Décadas depois a programadora Kathy Kleiman tentou descobrir quem eram aquelas mulheres que apareciam nas fotos do ENIAC, lutou tanto por elas, pelo reconhecimento das verdadeiras mães do software moderno que agora Kathy prepara um documentário sobre essas verdadeiras “Divas”. E antes mesmo de ser lançado, o documentário já desperta interesse do publico. Durante uma pesquisa para o documentário, o filho de 4 anos de Kathy perguntou a mãe: “Mamãe, homens também podem ser programadores?”


Entenda o ENIAC 

Num mundo dominado por homens, seis mulheres aceitaram o desafio de fazer o “trabalho braçal” de operar um sistema de computador dos anos 40. Contratadas para trabalhar no ENIAC, uma máquina militar dos EUA, Kathleen McNulty Mauchly Antonelli, Jean Jennings Bartik, Frances Snyder Holberton, Marlyn Wescoff Meltzer, Frances Bilas Spence e Ruth Lichterman Teitelbaum foram pioneiras em várias frentes. Conheça história dessas moças que abriram várias portas para que as mulheres se aproximassem da tecnologia. 

O ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Computer) criado pelos cienstistas norte-americados John Eckert e John Mauchly, da Electronic Control Company, em fevereiro de 1946, foi o primeiro computador digital completamente eletrônico da história a ser reconhecido – o Mark 1, da Universidade de Harvard (e programado pela Almirante Hopper) é dois anos mais velho, mas é eletromecânico. O funcionamento da máquina- que, aliás, era enorme: ocupava várias salas inteiras- era parecido com uma calculadora simples dos dias de hoje e exatamente por isso precisava ser operada manualmente para funcionar de modo correto.

O ENIAC era um projeto que inicialmente tinha o conceito de computar trajetórias balísticas para a II Guerra Mundial. Foi construída e criada por homens, isso é fato, mas o complexo sistema de programação foi criada por seis incríveis mulheres que precisaram esperar 40 anos para ganhar o devido reconhecimento do trabalho.

O brinquedinho dos dois cientistas americanos pesava mais de 30 toneladas, ocupava 167 m² e tinha capacidade de processamento de 5.000 operações por segundo, consumindo 200.000 watts de potencia e sendo operado na base dez e não em base binária. Logo, o ENIAC não possuía sistema operacional. As pressionadas faziam contato com o hardware que, por sua vez, necessitava de conexão com fios, relês e sequências de chaves para que se determinasse a tarefa a ser executada. Para se ter uma ideia do trabalho que era manusear a máquina, todo e qualquer processo deveria ser refeito para que outra tarefa fosse realizada, de modo completamente manual. A resposta era dada por uma sequência de lâmpadas. Porém, não é nada errado afirmar que essa máquina de programação arcaica influenciou diretamente no design futuros computadores. Além disso, para a época o ENIAC poderia ter sido um salva-vidas para muitos soldados. O trabalho de calcular a tabela de artilharia era feito em minutos com o computador. Muito diferente do trabalho com as calculadoras mecânicas que levavam horas para ser concluído. 

“Requer esforço físico, criatividade mental, espírito inovador, e um alto grau de paciência”, essa era a descrição do primeiro trabalho para programadores da história que chegou nas mãos de 80 mulheres que, à “pedidos” do Exército dos Estados Unidos foram trabalhar na universidade da Pensilvânia com o projeto inovador, o ENIAC. Em 1945, quando o governo enfim decidiu fazer um experimento com a máquina gigantesca chamou 6 “computadoras” à realizarem o trabalho. Essas eram Kathleen McNulty Mauchly Antonelli, Jean Jennings Bartik, Frances Snyder Holberton, Marlyn Wescoff Meltzer, Frances Bilas Spence and Ruth Lichterman Teitelbaum.

Foi graças a essas mulheres que o ENIAC tinha a perfeita habilidade de calcular em tão pouco tempo, com tanta precisão para atingir o seu objetivo nos cálculos exigidos. A velocidade chegava a ser mais rápida do que uma bala. E veja bem: o projeto ainda estava sob construção e todas elas não dispunham de ferramentas e tecnologias que temos em mãos hoje. Dessa forma, as “computadoras” não tiveram outra alternativa a não ser aprenderem sozinhas como operar a gigantesca máquina de Eckert e Mauchly a partir de seus diagramas de blocos lógicos e elétricos, também descobrindo como programá-la. Elas criaram suas próprias fluxogramas, folhas de programação, escreveram programas e os inseriu no ENIAC usando uma interface física desafiadora, que teve centenas de fios e interruptores.

Sem nenhum reconhecimento, elas ainda sofriam a injúria de receber a inscrição SP (sub profissional) em seus crachás e serem chamadas de “computadoras” (termo pejorativo escolhido pelo exército americano para separar as mulheres dos verdadeiros matemáticos). Mas foi em 1946 que os créditos das seis mulheres, e das outras 80, claro, ficaram oficialmente largados ao vento e esquecidos por anos a fio. Na cerimônia de apresentação ao público, o projeto ENIAC capturou a imaginação da imprensa e fez manchetes em todo o país. A máquina lendária e seus os engenheiros (todos homens) por trás dela tornaram-se inegavelmente famosos, sem sequer chegarem a mencionar a existência das mulheres “congeladas” nas fotos junto com o gigantesco ENIAC. 

Depois da Guerra, Ruth ensinou a geração seguinte de programadores do ENIAC à como mexer em seu complexo sistema, em Aberdeen no estado de Maryland. Frances Spence e Kathleen também continuaram na equipe do projeto depois da Guerra trabalhando para alguns dos matemáticos mais importantes do mundo. Kay se casou com o Dr. John Mauchly (sim, um dos criados do projeto ENIAC!).Já Jean Bartik trabalhou na equipe que converteu o ENIAC em uma máquina de programa de armazenamento, tornando-o mais rápido e fácil para programar problemas maiores e mais sofisticados. Não satisfeita, trabalhou com o projeto UNIVAC anos mais tarde para projetar um design lógico de um sistemas de backup e trabalhou também com microcomputadores. Betty Holberton se uniu a equipe dos criadores do ENIAC para trabalhar num dos primeiros computadores comerciais da história e serviu no comitê de designers da “linguagem COBOL”: trabalhando incansavelmente na área de computação por anos. Marlyn Meltzer, por sua vez, renunciou a equipe do projeto ENIAC em 1947 para se casar, e somente em 1997 foi introduzida na Women in Technology International Hall of Fame junto com as outras “computadoras”.

As seis programadoras responsáveis por incríveis evoluções na computação são exemplos de mulheres que, mesmo sob preconceito e ausência de reconhecimento durantes anos trabalharam a vida toda com aquilo que gostavam para transformar o computador cada vez mais fácil de usar e entender.

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