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domingo, 6 de agosto de 2023

ESL DISCUSSIONS - LINGUAGEM


https://esldiscussions.com/l/language.html



STUDENT A's QUESTIONS


(1) O que você pensa sobre linguagem?


É uma maneira que temos de nos expressar, isto é, transmitir nossos pensamentos, sentimentos, informações e ideias.



(2) Como você acha que a linguagem começou?


No caso de uma linguagem visual e simbólica, penso que seu início se deu no "tempo das cavernas" através de pinturas rupestres.



(3) Você acha que a linguagem é uma barreira?


Algumas vezes, sim. Por exemplo, quando tentamos assistir um filme ou ler um livro em um idioma estrangeiro.



(4) Como nossa linguagem é diferente da linguagem animal?


Enquanto os animais têm sistemas de comunicação que são adaptados para suas necessidades e interações específicas, a linguagem humana é notavelmente única em sua complexidade, flexibilidade e adaptabilidade, uma vez que envolve a organização estruturada de palavras em frases e sentenças, permitindo a construção de uma variedade infinita de expressões e ideias.



(5) Você acha que um dia haverá apenas uma língua no mundo? O mundo seria um lugar melhor?


Não e não acho. A linguagem por si só não é um fator que resolve as mazelas da sociedade.



(6) Você já teve um intercâmbio linguístico?


Ainda não, mas gostaria.



(7) A língua torna diferentes as personalidades de cada nacionalidade?


Certamente, pois é algo inerente a cada uma. No entanto, é importante entender que a relação entre língua, cultura e personalidade não é direta ou determinista. A personalidade é uma característica complexa e multifacetada que é influenciada por uma variedade de fatores, incluindo genética, ambiente, experiências de vida e valores culturais.



(8) Você acha que a linguagem corporal é universal?


Sim, porém, cada cultura possui seus próprios códigos.



(9) Você gostaria de aprender a língua de sinais?


Seria algo interessante.



(10) De quais idiomas você gosta ou não gosta do som?


Gosto: Inglês, italiano, espanhol, francês. Não tenho nada contra os outros.



STUDENT B's QUESTIONS


(1) Quais são seus sentimentos em relação ao seu próprio idioma?


Estou satisfeito.



(2) Como você compararia seu próprio idioma com o inglês?


Talvez inglês seja mais fácil de aprender devido à complexidade da estrutura das frases em português, desde os pronomes até os tempos verbais.



(3) Como você acha que o mundo seria diferente se houvesse apenas um idioma?


Haveria uma maior democratização do conhecimento.



(4) Quais são as coisas boas e ruins sobre o seu idioma?


Boa: O português é falado em diversos países. Ruim: Escassez de livros técnicos sobre desenvolvimento de software em português.



(5) Há muita linguagem ruim/chula em sua língua materna?


Sim.



(6) Por que você acha que existem tantas línguas diferentes no mundo?


Porque, no decorrer da história, os diversos povos foram criando suas formas de comunicação. Então, algumas foram evoluindo e até mesmo se tornaram base para o surgimento de outras. O inglês teve grande influência do francês, por exemplo.



(7) O que você acha das línguas que estão morrendo? Você acha que eles devem ser preservados?


Concordo que elas devam ser preservadas de alguma maneira, porém, se determinado povo, e consequentemente sua cultura, está se extinguindo por algum motivo, acho que não há muito o que fazer.



(8) Quais são os três idiomas que você realmente gostaria de falar, e por quê?


Português, pois moro no Brasil; Inglês, pois maior parte do conteúdo de qualidade sobre software é neste idioma; Francês/Espanhol, pois são interessantes e bastante faladas no mundo.


 

(9) Qual é a língua mais confusa do mundo?


Línguas orientais que utilizam símbolos muito distintos do que estamos acostumados.



(10) Você acha que o inglês deveria se tornar uma língua oficial em seu país?


Não. O termo que define isso é o chamado imperialismo linguístico, isto é, o fenômeno em que uma língua ou um grupo de línguas é promovido ou imposto sobre outras línguas, muitas vezes de maneira desigual e em detrimento das línguas minoritárias. Isso pode ocorrer em contextos históricos, políticos, culturais ou econômicos, e pode ter várias implicações sociais e culturais.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

NÃO É UM ESPELHO

A estrutura da sintaxe nem sempre replica a estrutura do sentido das frases.

Muita gente pensa que pessoas que dizem frases como “quem aqui o pai fuma?” sofrem de alguma confusão mental, não sabem articular uma frase simples. Imaginam que todas as boas frases devem ter estruturas do tipo “Eva viu a uva”. Aceitam acrescentar “detalhes”, como em “Eva viu a uva de longe ontem de tarde”. Eventualmente, até aceitam alguma inversão: “Ontem, Eva viu a uva” e até a passiva “A uva foi vista por Eva”.

Mas os dados mostram que este é apenas um tipo de evento linguístico (suposto “ideal” por muita gente): que uma oração expressa sempre uma suposta ordem da mente (Um animal passou por aqui. / O apartamento tem 40 metros quadrados.). Mas os dados – isto é, as orações que os falantes reais constroem – mostram que não há um espelhamento entre sintaxe e semântica, ou seja, que a estrutura da sintaxe não replica a estrutura do sentido.

A melhor maneira de mostrar isso é separar funções sintáticas de papéis semânticos. A distinção mais óbvia é a distinção entre sujeito (uma categoria sintática) e agente (uma semântica). Deveríamos ter aprendido que nem sempre o sujeito é o que pratica a ação. Para começar, isso só pode ocorrer quando o verbo expressa uma ação (correr, comer, ler...). Evidentemente, não acontece se o verbo expressa outra coisa (sofrer, sentir, ter, possuir).

Algumas gramáticas podem ter feito esta separação, eventualmente definindo sujeito como “aquilo / aquele de que se fala”. Mas isso não é suficiente.

Considerem-se casos talvez mais comuns do que “quem aqui o pai fuma?”, cujo sentido é “quem aqui tem pai [que é] fumante?”. Veja-se “O carro furou o pneu”.

Primeiro, espero que não se diga que se trata de uma construção errada, porque não bate com os fatos: um carro não pode furar o pneu, isto é, um carro não pode ser o agente que pratica a ação de furar o pneu. Por isso, a construção seria um equívoco “metafísico”.

Eis um bom exemplo para mostrar que nem sempre a sintaxe espelha a semântica: “o carro” é o sujeito dessa oração (é com “o carro” que o verbo concorda; é do carro que se fala), mas não é o agente da ação de furar. Aliás, esta oração não informa quem é o agente da ação ou do evento. Em termos semânticos, o carro é o possuidor, o que uma estrutura alternativa, “O pneu do carro furou”, deixa mais claro.

Analisar uma oração considerando suas diversas paráfrases é sempre uma boa medida. No caso, poderíamos considerar pelo menos “O carro furou o pneu” e “O pneu do carro furou”. Em nenhum dos dois casos há um agente expresso: num caso o sujeito é o possuidor (o carro); no outro, é o alvo (o pneu): o pneu é o alvo da ação ou do evento “furar”.

Testes com passiva podem ser instrutivos. A passiva de “o pneu do carro furou” é “o pneu do carro foi furado”, que exibe claramente que o alvo (outro nome poderia ser “objeto”) da ativa se torna sujeito na passiva. Provavelmente, uma (sintática) de “o carro furou o pneu” seria uma sequência sem sentido, porque teria que ser “o pneu foi furado pelo carro”: sintaticamente, ou seja, aplicadas as regras sintáticas automaticamente, este seria o resultado. Mas não se pode ter como “agente da passiva” um elemento que não expressa um agente (esta passiva estranha, aliás, é um nó para os gramáticos, eu penso; é com eles que deixo problema...).

Voltemos a “quem aqui o pai fuma?”. Eventualmente, alguém poderia achar que esta oração deveria ser analisada como se analisa “Eva viu a uva”. Demos uma pequena volta para colocar o problema claramente. Muitas vezes, “quem”, embora apareça no começo da oração, é seu objeto (usemos esta terminologia). “Quem você viu?” se lê “Você viu quem?”. Com base neste fato, alguém, apertando a tecla “automático”, converteria “quem o pai fuma” em “o pai fuma quem?” (elimino a palavra “aqui” para facilitar a observação da estrutura).

O que impede esta inversão (ou esta volta a uma suposta ordem básica) é o sentido de “fumar”: este verbo não admite qualquer objeto, mas apenas objetos (alvos) do tipo “cigarro / charuto / cachimbo” (por mais que os cigarros possam variar). A não ser que se prove (isto é, que se ateste com dados) que “ser fumado pelo pai” seja uma expressão corrente (uma gíria?) que significa para “tomar uma bronca” ou algo assemelhado.

Ou seja: as análises devem levar em conta um sentido possível num mundo possível – no caso, em um mundo real, no qual há fumantes, mais frequentemente adultos.

É por isso que analisar “o carro furou o pneu” impede pelo menos duas saídas: I. considerar que a construção está errada, porque não corresponde aos fatos (a um mundo); II. considerar que “o carro”, sendo sujeito, é também o agente.

Vale a pena acrescentar que os falantes podem ter razões sólidas (ter medo é uma; desconhecimento é outra; ainda outra pode ser o cuidado para não acusar sem evidências) para não mencionar o agente da ação de que furou o pneu – se é que houve um.

Mas essa questão abriria para outros campos, que exigiriam mais do que uma breve coluna. Para um aperitivo, sejam casos como “assaltante morto na favela”, sem menção de quem matou; “os preços subiram”, como se preços subissem..., etc.

Algumas das teses aqui mencionadas ficariam muito mais claras se todos os interessados lessem Gramática descritiva do português brasileiro, de Mário Perini, cuja reedição acaba de sair pela Editora Vozes, de Petrópolis. É um volume que, além de esclarecer muitos fatos sobre a língua que falamos, ajudaria a defender as universidades, acusadas eventualmente de não se interessarem por problemas reais.

Sírio Possenti
Departamento de Linguística
Universidade Estadual de Campinas


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O ASSASSINO ERA O ESCRIBA - PAULO LEMINSKI

No último Sarau Urbanista Concreto, que caiu no Dia dos Professores, além de declamar os meus poemas, também li este texto do Paulo Leminski, do livro Toda Poesia, que gosto muito.

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA E PINACOTECA - 15/01/13

Registros da minha primeira visita ao Museu da Língua Portuguesa e, logo após, à Pinacoteca, que fica ao lado. Foi muito importante para conhecer um pouco mais sobre as diversas culturas, e também para aprender como foi o desenvolvimento dos idiomas de cada uma delas no decorrer da história.