Ao contrário do que o título possa indicar, eu não entrei para igreja alguma, tampouco quero professar sobre a beleza da criação divina. Nesse momento, quero falar sobre algo bem mais mundano - que evoca imagens bem menos plácidas, repletas de turbulências e altos e baixos – porém, nem por isso, menos divino: a criação humana.
O ato de criar implica numa transformação tão profunda e radical no homem, que grosso modo poderíamos dividí-los entre os que criam e os que não criam.
Desde já aviso que não vou puxar sardinha para o lado dos que criam. Ter a vocação de criar, antes de uma bênção está mais para maldição. Já explico.
Primeiro, vamos investigar o que é vocação.
Vocação, para quem não sabe, vem do latim vocare, que significa chamar. Vocação nada mais é do que um chamado. Era muito usado pelos eclesiásticos quando um infeliz desejava ser padre e dizia que ouvia uma vocação, ou seja, o chamado de Deus. Mas, voltemos ao séc. XXI...
Hoje, o termo está muito mais voltado para o mundo profissional onde tem-se vocação para médico, engenheiro, professor, etc.
E a sobre a vocação de criar?
O homem que cria é, comummente, chamado de artista. Contudo, também devemos lembrar, que existem dois tipos de artistas: os que interpretam e os que criam.
Os que interpretam podem ser atores, instrumentistas, cantores ou dançarinos, como Fernanda Montenegro, Arthur Rubinstein, Maria Callas e Mikhail Baryshnikov
Os que criam são escritores, compositores, pintores ou escultores, como Shakespeare, Mozart, Van Gogh e Rodin.
Ambos os gêneros têm em comum uma mesma vocação: a de se expressar.
Artistas, em geral, são dotados de uma sensibilidade ímpar aliada a talento e técnica que os permitem expressar a beleza e a emoção de uma obra de modo mais cativante do que os outros. Por que isso acontece?
Mesmo se todos os seres humanos, ao nascer, fossem dotados da mesma capacidade intelectual, alguns experimentaram o mundo de forma distinta de outros. Alguns, em contato com a beleza, sentiriam uma transformação. Nasceria neles uma vontade que não se contém, transborda e transmuta-se numa necessidade imperiosa de expressar, por suas próprias mãos ou corpos, tal beleza. Uma inquietude que os levariam a uma viagem sem volta pelas vicissitudes de adquirir cada vez mais uma forma melhor e mais efetiva de expressar com mais qualidade e com mais contundência cada pequeno atributo da sua arte. Estes, inevitalvelmente, seriam os artistas.
Ser um artista. Antes uma maldição do que uma bênção...
Essa frase é válida tanto no sentido comparativo quanto no temporal. Para compreender melhor, explicarei como interpreto as duas palavras:
Uma bênção é ser dotado de grande talento ou habilidade (fonte: http://dictionary.reference.com/browse/gifted ) ou o ato ou efeito de receber graças divinas.
Uma maldição é como um feitiço de amarração que altera o destino da vida de uma pessoa unindo-a forçosamente ao que lhe está sendo amarrado.
O que eu quero dizer com isso é primeiro vem a necessidade febril de buscar a arte e só depois, muito depois, começa-se a auferir os resultados e gozar da bênção de ser um artista pleno. E quando eu digo gozar a bênção de ser um artista pleno, não refiro-me a rios de dinheiro e uma vida glamourosa, refiro-me a sensação de ser capaz de criar algo possuidor de valor e beleza. É uma potencialidade. E só isso.
O artista é como um empreendedor, só que em eterna dívida com o seu negócio. Por mais prolífico que seja o artista, a quantidade de obras a fazer sempre excederá sua capacidade de produção. Esta é mais uma faceta da sua maldição. Assim como o empreendedor, deve conhecer muito bem seu negócio, correr riscos e expor-se ao escrutínio alheio. Para ambos, o sucesso é extremamente recompensador. Apenas um tem como fim o lucro e o outro, reproduzir ou criar a beleza. Trabalham com processos. Processos vitais que o público não vê. Somente tem um vislumbre superficial que surge como a imagem de um rosto belo a encobrir as suas veias contendo o sangue rubro e pujante com o seu fluxo incessante que dá a vida a esse mesmo rosto.
Quando um artista chega ao ponto de criar uma obra que é considerada divina, ele já percorreu todo o caminho do aspecto mundano da criação que nunca chega ao apreciador da obra.
O que o público vê é mágica. O que o mágico faz é perscrutar infindavelmente a natureza das coisas e do homem para poder realizar, efetivamente, sua mágica.
O mágico é um investigador.
É um processo demasiado mundano. É comparável a um mecânico que desmonta as peças do motor de seu fusca para entender o seu funcionamento para só depois dominar a ciência de seu reparo.
Muitos acham bela a arte, porém poucos estão dispostos a percorrer o necessário e mundano caminho que ela requer. Escolher o elemento certo entre panóplias de palavras, notas, pausas, matizes... isso tudo leva muito tempo e é assaz chato para a pessoa comum. Todavia, é um prazer para o mecânico mexer no seu fusquinha e fazê-lo funcionar. Para ele, não existe graça maior.
O ato de criar implica numa transformação tão profunda e radical no homem, que grosso modo poderíamos dividí-los entre os que criam e os que não criam.
Desde já aviso que não vou puxar sardinha para o lado dos que criam. Ter a vocação de criar, antes de uma bênção está mais para maldição. Já explico.
Primeiro, vamos investigar o que é vocação.
Vocação, para quem não sabe, vem do latim vocare, que significa chamar. Vocação nada mais é do que um chamado. Era muito usado pelos eclesiásticos quando um infeliz desejava ser padre e dizia que ouvia uma vocação, ou seja, o chamado de Deus. Mas, voltemos ao séc. XXI...
Hoje, o termo está muito mais voltado para o mundo profissional onde tem-se vocação para médico, engenheiro, professor, etc.
E a sobre a vocação de criar?
O homem que cria é, comummente, chamado de artista. Contudo, também devemos lembrar, que existem dois tipos de artistas: os que interpretam e os que criam.
Os que interpretam podem ser atores, instrumentistas, cantores ou dançarinos, como Fernanda Montenegro, Arthur Rubinstein, Maria Callas e Mikhail Baryshnikov
Os que criam são escritores, compositores, pintores ou escultores, como Shakespeare, Mozart, Van Gogh e Rodin.
Ambos os gêneros têm em comum uma mesma vocação: a de se expressar.
Artistas, em geral, são dotados de uma sensibilidade ímpar aliada a talento e técnica que os permitem expressar a beleza e a emoção de uma obra de modo mais cativante do que os outros. Por que isso acontece?
Mesmo se todos os seres humanos, ao nascer, fossem dotados da mesma capacidade intelectual, alguns experimentaram o mundo de forma distinta de outros. Alguns, em contato com a beleza, sentiriam uma transformação. Nasceria neles uma vontade que não se contém, transborda e transmuta-se numa necessidade imperiosa de expressar, por suas próprias mãos ou corpos, tal beleza. Uma inquietude que os levariam a uma viagem sem volta pelas vicissitudes de adquirir cada vez mais uma forma melhor e mais efetiva de expressar com mais qualidade e com mais contundência cada pequeno atributo da sua arte. Estes, inevitalvelmente, seriam os artistas.
Ser um artista. Antes uma maldição do que uma bênção...
Essa frase é válida tanto no sentido comparativo quanto no temporal. Para compreender melhor, explicarei como interpreto as duas palavras:
Uma bênção é ser dotado de grande talento ou habilidade (fonte: http://dictionary.reference.com/browse/gifted ) ou o ato ou efeito de receber graças divinas.
Uma maldição é como um feitiço de amarração que altera o destino da vida de uma pessoa unindo-a forçosamente ao que lhe está sendo amarrado.
O que eu quero dizer com isso é primeiro vem a necessidade febril de buscar a arte e só depois, muito depois, começa-se a auferir os resultados e gozar da bênção de ser um artista pleno. E quando eu digo gozar a bênção de ser um artista pleno, não refiro-me a rios de dinheiro e uma vida glamourosa, refiro-me a sensação de ser capaz de criar algo possuidor de valor e beleza. É uma potencialidade. E só isso.
O artista é como um empreendedor, só que em eterna dívida com o seu negócio. Por mais prolífico que seja o artista, a quantidade de obras a fazer sempre excederá sua capacidade de produção. Esta é mais uma faceta da sua maldição. Assim como o empreendedor, deve conhecer muito bem seu negócio, correr riscos e expor-se ao escrutínio alheio. Para ambos, o sucesso é extremamente recompensador. Apenas um tem como fim o lucro e o outro, reproduzir ou criar a beleza. Trabalham com processos. Processos vitais que o público não vê. Somente tem um vislumbre superficial que surge como a imagem de um rosto belo a encobrir as suas veias contendo o sangue rubro e pujante com o seu fluxo incessante que dá a vida a esse mesmo rosto.
Quando um artista chega ao ponto de criar uma obra que é considerada divina, ele já percorreu todo o caminho do aspecto mundano da criação que nunca chega ao apreciador da obra.
O que o público vê é mágica. O que o mágico faz é perscrutar infindavelmente a natureza das coisas e do homem para poder realizar, efetivamente, sua mágica.
O mágico é um investigador.
É um processo demasiado mundano. É comparável a um mecânico que desmonta as peças do motor de seu fusca para entender o seu funcionamento para só depois dominar a ciência de seu reparo.
Muitos acham bela a arte, porém poucos estão dispostos a percorrer o necessário e mundano caminho que ela requer. Escolher o elemento certo entre panóplias de palavras, notas, pausas, matizes... isso tudo leva muito tempo e é assaz chato para a pessoa comum. Todavia, é um prazer para o mecânico mexer no seu fusquinha e fazê-lo funcionar. Para ele, não existe graça maior.
Fonte: Telescópio Hubble, NASA. 1995
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