quarta-feira, 1 de agosto de 2018

POESIA NA REDE

Algumas das minhas respostas para o questionário de uma amiga que cursa Letras e está fazendo seu TCC sobre a disseminação da poesia na internet:

> Como surgiu a ideia de começar a compartilhar poesias nas redes sociais?

Tudo começou após eu criar o meu primeiro fanzine, o PROTESTIZANDO #1. E, apesar de eu estar presente em vários eventos culturais divulgando minha poesia por meio deste tipo de publicação, achei que por meio das redes sociais eu poderia impulsionar mais a divulgação dos meus escritos. Logo, criei o meu primeiro blog, onde comecei a postar de forma recorrente. Além disso, com o crescente ingresso das pessoas nas redes sociais, como Facebook, por exemplo, também achei interessante criar uma página para compartilhar o conteúdo dos zines. Neste contexto, minha ideia principal sempre foi a divulgação dos meus poemas, nunca visando um tipo de retorno financeiro, com propagandas e afins.

> Você já acompanhava algum poeta/poetisa, alguma página de poesia ou participava de algum grupo na internet sobre o tema?

Sim. O primeiro coletivo com poetas/poetisas que conheci foi o Sobrenome Liberdade. Por meio da página deles, comecei a ter ideias sobre a forma de divulgação dos meus versos. Foi por meio deles que também tive contato com o meu primeiro sarau.

> Você gosta de livros de poesias? Quais são seus autores favoritos?

Gosto. Meus autores favoritos são os que abordam o meu estilo poético, ou seja, que produzem textos concisos, mas com aquele trocadilho genial. Além disso, sou um grande apreciador dos concretistas. Dentre os meus autores favoritos posso citar Paulo Leminski, Millôr Fernandes e Augusto de Campos.

> Você já lançou algum livro físico? Caso não, pretende lançar?

Sim, dois. O PROTESTIZANDO - Biênio Poético (Livro que compila alguns poemas escritos entre o final de 2012 até o final de 2014) e o A LER VAZIOS (livro de experimentações poético-visuais onde são abordadas diversas vertentes: a poesia concreta e visual, o soneto e o haicai). No caso do primeiro, já o disponibilizei na íntegra para leitura na internet. Justamente para que minhas ideias possam alcançar o máximo de pessoas possível de maneira livre e democrática.

> Em sua opinião, como a internet contribui para a sua relação com a poesia?

Ela me permite conhecer muitas outras pessoas com um talento excepcional para lidar com as palavras, e também permite que eu propague a minha arte poética por meio de diferentes linguagens, tanto escrita (poemas versados) quanto visual (poemas concretos), em diferentes platafomas (Facebook, Instagram, Blogger, Issuu etc.).

> Você acha que a internet te incentivou a ler e a produzir poesias?

A internet em si, não, mas outros fatores como a indignação perante as injustiças sociais, que presenciamos diariamente no nosso cotidiano, independentemente de estarmos conectados à rede ou não. Acontece que a internet é um grande canal, onde boa parte das informações é centralizada. Neste contexto, existe uma dicotomia: ela pode ser usada para informar e/ou desinformar. Logo, precisamos estar atentos às fontes que recorremos para obter informações verídicas, as quais podem acabar servindo de inspiração no ativismo poético.

> Você acha que existem aspectos negativos em publicar poesias na internet? Quais?

Sim. Pessoas que carregam pensamentos radicais e não estão abertas a olhar algumas coisas sob outra perspectiva, podem conceber ideias totalmente distorcidas acerca dos textos poéticos, e utilizar isto como motivo para agredir (verbalmente ou fisicamente) a pessoa que escreveu. A falta de interpretação é um dos maiores aspectos negativos na internet hoje em dia. Não só em relação à poesia, mas, principalmente, a textos jornalistíscos.


> Para você, o que é uma poesia de “qualidade”?

Nunca fui um acadêmico em relação ao que escrevo ou leio no âmbito poético. Quanto mais livre for a poesia, melhor para mim. Também não me sinto apto a julgar a qualidade de uma poesia, pois, como eu disse, a poesia carrega consigo a polissemia. Um poema que pode não fazer nenhum sentido para mim, pode ser algo que expressa exatamente o que uma outra pessoa está sentindo, mas que não sabia como dizer. E isso é algo me deixa extremamente fascinado.

> Você estuda ou já estudou sobre poesia?

Antes de publicar o meu livro A LER VAZIOS, fiz uma verdadeira pesquisa acadêmica acerca da poesia experimental, lendo diversos livros e artigos.

> Você ou alguém que você conhece já transformou sua poesia em vídeo, ilustração, tirinha ou outro tipo de formato?

Como artista visual, sempre busco criar uma intersecção entre a minha poesia com outras formas de arte, como o desenho, por exemplo. Além disso, uma breve pesquisa pode revelar que a palavra falada (spoken word) vêm ganhando um espaço cada vez maior por meio de vídeos na internet.

> Alguns escritores e jornalistas acreditam que a poesia feita para a internet é algo passageiro. Você concorda com isso? Acha que é apenas uma moda?

Não concordo. Com a criação de diversas plataformas e tipos de linguagem essa relação só tende a aumentar.

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