quinta-feira, 3 de agosto de 2017

EPISTEMOLOGIA – CURSO DE ATUALIZAÇÃO

Créditos: Aguayo Samuel


Epistemologia
1. Que é, e para que serve a Epistemologia?
2. Que é, e qual a aplicação do Método Científico

Filosofia das Ciências Formais
3. Natureza dos Objetos Conceituais
4. Que é uma Proposição

Filosofia da Sociologia
5. Exame Filosófico do Vocabulário Sociológico

Filosofia da Tecnologia
6. Tecnologia e Filosofia

Ensinamentos
7. Três Políticas de Desenvolvimento Científico
8. Organização do Ensino da Epistemologia na América Latina

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1. Que é, e para que serve a Epistemologia?

A Epistemologia, é o ramo da Filosofia que estuda a investigação científica e seu produto, o conhecimento científico. Até meio século atrás não era mais que um capítulo da teoria do conhecimento, ou gnosiologia, sendo cultivada por cientistas e matemáticos em suas horas de ócio ou quando faziam palestras de divulgação, ou por filósofos sem grande preparo científico. Poucos possuíram uma visão filosófica de conjunto e quase sempre se ocuparam de problemas bastante especializados. É preciso reconhecer que esses pensadores, quase todos epistemólogos amadores, escreveram livros mais interessantes e duradouros, e também melhor escritos, que a maioria dos livros sobre Epistemologia que se publicam hoje em dia. Um dos motivos é que eles se ocuparam de problemas autênticos, originais e de envergadura ao invés de encarar problemazinhos intranscedentes ou limitar-se a comentar o que os outros fazem, como amiúde acontece atualmente. Além do mais, esses pensadores do período clássico tinham opiniões próprias e as defendiam com eloquência e com brilho, embora nem sempre com rigor.

Próximo à década de 30, a reflexão filosófica individual e isolada passou a ser complementada por trabalhos em equipe à imagem e semelhança do que já se fizera nas ciências, resultando-se, a partir do Círculo de Viena, no primeiro congresso internacional de Epistemologia (Paris, 1935), estabelecendo-se a Filosofia Exata. Mas esta Epistemologia ligada ao Círculo de Viena tinha um defeito fatal: estava presa à tradição que era incompatível com e Epistemologia realista inerente ao enfoque científico. Infelizmente, esse alheamento dos empiricistas lógicos com respeito à ciência não diminuiu com o tempo: antes aumentou.

A partir da dissolução do círculo de Viena, por motivos políticos, os empiricistas lógicos passaram a interessar-se cada vez mais por problemas formais. A Filosofia da Ciência que cultivavam era cada vez mais artificial: os problemas abordados raramente tinham relação com a ciência real. A Epistemologia artificial – que a rigor não é Epistemologia, senão ginástica intelectual, como diria Einstein – fechou-se dentro de uma problemática pequena que não atraía a atenção dos pesquisadores científicos, que ignoram os escritos epistemológicos contemporâneos. A fenda entre os cientistas e os filósofos aumentou ao invés de diminuir.

Existe uma Epistemologia academicamente respeitável e amiúde exata, embora totalmente inútil. É uma Epistemologia superficial, que não examina criticamente seus pressupostos, que não está casada com a pesquisa científica e que amiúde é escolástica. Pode-se esperar um período renascentista caracterizado não só pela exatidão, mas também pela relevância para a ciência? Uma Filosofia da ciência não merece apoio da sociedade se não constituir um enriquecimento da Filosofia e não for útil à ciência.

O filósofo da ciência afastado da problemática científica do seu tempo pode ser útil estudando algumas ideias científicas do passado. O epistemólogo atento do seu tempo pode ser ainda mais útil, uma vez que pode participar do desenvolvimento científico, em particular, dando contribuições dos seguintes tipos: Trazer à tona os pressupostos filosóficos da atualidade; Elucidar e sistematizar conceitos filosóficos; Ajudar a resolver problemas científico-filosóficos; Reconstruir teorias científicas de maneira axiomática; Participar das discussões sobre natureza e o valor da ciência pura e aplicada; Servir de modelo a outros ramos da filosofia.


2. Que é, e qual a aplicação do Método Científico

Nem todos acreditam que o método científico possa estender seu braço, além do seu berço, a ciência da natureza. Convém examinar periodicamente a natureza e alcance do método científico, uma vez que ele vem variando no decurso de sua brevíssima história de três séculos e meio.

Um método é um procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual. O conceito de método se consolida com o nascer da ciência moderna. A ciência natural moderna nasce com Galileu, que não se conforma com a observação pura e tampouco com a conjectura arbitrária, mas propõe hipóteses e as submete a prova experimental.

A ciência pura e a aplicada chegaram a tal ponto e as teorias são tão complicadas que é difícil refutá-las, e as observações tão carregadas de teorias que não é fácil determinar o que confirmam ou refutam.

A linha divisória entre as hipóteses e teorias científicas e as não científicas não é, pois, a comprovabilidade com o conhecimento científico básico. Toda pesquisa, não importa de que tipo seja, propõe-se a resolver um conjunto de problemas. Se o pesquisador não possui uma ideia clara dos seus problemas, ou se não se mune dos conhecimentos necessários para abordá-los, ou ainda se propõe soluções mas não as submete a prova, diremos que não emprega o método científico. Dizemos que uma investigação procede de acordo com o método científico se cumpre, ou ao menos se propõe a cumprir, as seguintes etapas:

- Descobrimento do Problema.
- Colocação precisa do problema.
- Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema.
- Tentativa da solução com auxílio dos meios identificados.
- Invenção de novas ideias ou produção de novos dados empíricos que prometam resolver o problema.
- Obtenção de uma solução (exata ou aproximada) do problema.
- Investigação das consequências da solução obtida.
- Prova da solução (fim se satisfatório).
- Correção das hipóteses (recomeço).


Aplicação do Método Científico às Ciências Sociais

Os primeiros foram os economistas, há mais de um século. Em fins do século, começaram a juntar-se às fileiras da comunidade científica os sociólogos, psicólogos sociais, politicólogos, antropólogos, geógrafos sociais e outros. Mais tarde incorporaram-se os historiadores, assim como os linguistas. Em todos, se formularam modelos teóricos e aspectos empíricos.

As ciências sociais sofreram, pois, uma revolução no decorrer do último século. Essa revolução foi inspirada primeiro pela filosofia positivista, depois pela marxista, e foi combatida pelos filósofos idealistas e kantianos, que afirmavam ser impossível estudar o homem do mesmo modo que uma rocha ou animal.

O método científico não se rompeu ao ser esticado para que abrangesse os problemas sociais, tampouco se rompe se for aplicado a outras disciplinas, em particular às humanísticas, como a Filosofia; podemos falar na verdade, de Filosofia Científica. Esta é aquela que observa as condições de compatibilidade e comprovabilidade que caracterizam a ciência.


Conclusões

Nem toda atividade racional foi regulamentada. A expressão método científico é enganosa, pois pode induzir a crer que consiste num conjunto de receitas exaustivas e infalíveis que qualquer um pode manejar para inventar ideias e pô-las à prova. O que existe é uma estratégia de investigação científica. Há também um sem número de táticas ou métodos especiais característicos das diversas ciências e tecnologias particulares, sendo que nenhuma é exaustiva e infalível. Não basta tê-las num manual: é preciso vivê-las para compreendê-las. E seu resultado depende não somente da tática, mas também da escolha do problema, dos meios disponíveis e, em medida não menor, do talento do investigador. A pessoa de talento cria novos métodos, não o inverso.

O método científico não é, nem mais nem menos, senão a maneira de fazer boa ciência, natural ou social, pura ou aplicada, formal ou factual. E essa maneira pode ser adotada em campos que antes não eram científicos, mas que se caracterizam, como a ciência, pela procura de normas gerais.


FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS FORMAIS

3. Natureza dos Objetos Conceituais

Entenderemos por conceitos, proposições e teorias independentemente de suas apresentações linguísticas que são objetos concretos. O problema da natureza e modo de existência dos objetos deste gênero intrigou e apaixonou todos os filósofos, com teses filosóficas como:

- Platonismo – Os objetos conceituais são seres ideais que existem por si mesmos, independentemente do mundo físico e, em particular, dos seres pensantes.
- Nominalismo – Os objetos formam um subconjunto dos objetos linguísticos.
- Empirismo – São objetos mentais e existem, do mesmo modo que as outras ideias, ou seja, como sensações ou imagens.

Nenhuma destas filosofias tradicionais é satisfatória, apresentando virtudes e defeitos. Neste trabalho exploraremos uma alternativa que chamaremos de materialismo conceitualista (C) e ficcionista (F), cujas teses principais são as seguintes:

- Os objetos conceituais apresentam uma natureza peculiar e irredutível (C).
- Não estão submetidos nem às leis materiais, nem às mentais. Existem na medida que pertencem a certos contextos (C).
- A existência conceitual, longe de ser ideal, material ou mental, é fingida ou convencional. Fazemos de conta que existem e inventamos seu modo de existência (F).
- Conceber um objeto conceitual e atribuir-lhe uma existência conceitual são dois aspectos de um mesmo processo que se dá no cérebro de algum ser racional. Existem na medida em que são pensáveis.


Constructos

Por constructo ou objeto conceitual entendemos uma criação mental, conquanto não um objeto mental ou psíquico, como uma percepção, lembrança ou invenção:

- Conceito – Unidade de construção das proposições: átomos conceituais.
- Proposição – Satisfazem algum cálculo proposicional, podendo ser avaliado com relação ao grau de verdade.
- Contexto – Conjunto de proposições formadas por conceitos com referentes comuns.
- Teoria – Contexto fechado com respeito às operações lógicas.

Do ponto de vista matemático, um conceito pode ser um indivíduo, um conjunto ou uma relação (incluindo as funções). Quanto às propriedades semânticas dos constructos, tais como sentido e verdade, são estudadas pela semântica. Postulamos que todo objeto é concreto (coisas) ou conceitual (constructos), nunca ambos.


Existência Material e Existência Conceitual

Os objetos concretos compartilham certas propriedades notórias: estão em algum lugar, possuem energia e são capazes de mudança, o que não ocorre com constructos. As leis conceituais não descrevem alguma coisa que está aí, independentemente de ser conhecida, mas que caracterizam (definem implicitamente). As leis satisfeitas pelos objetos conceituais não envolvem variáveis de estado e nada apresentam da realidade, resumindo-se em relações conceituais entre objetos conceituais.

Em definitivo, existem dois modos de existência radicalmente diferentes: o conceitual e o físico. Mas, o método de postular a existência, sendo diferente, é similar: a existência conceitual deve ser útil (conceitualmente) e a existência física deve ser realmente possível.


4. Que é uma Proposição

Não existem proposições em si, mas se quisermos fazer Lógica, Matemática, etc, deveremos fingir que existem. É preciso distinguir uma proposição das orações que a designam, como também de suas diversas enunciações. Embora uma proposição possa ser exprimível por uma ou mais orações, a recíproca não é verdadeira.

O significado de uma proposição é composto de seu sentido e de seus referentes. Uma proposição fora do contexto carece de significado preciso. Só a menção explícita do contexto nos permite rastrear todas as ligações lógicas de uma proposição e determinar, assim, seu sentido pleno. Para determinar os referentes de uma proposição é preciso analisar os predicados que nela figuram.

A caracterização mais comum das proposições é esta: são objetos verdadeiros ou falsos.

As proposições carecem de existência autônoma: existem apenas conceitual ou formalmente, ou seja, como ficções pensáveis por algum cérebro racional.


FILOSOFIA DA SOCIOLOGIA

5. Exame Filosófico do Vocabulário Sociológico

Quem se acerca das ciências sociais vindo das naturais sente-se inicialmente repelido pelo hermetismo do seu jargão, pela pobreza e inexatidão das ideias e pelas pretensões de fazer passar a procura de dados sem importância por investigação científica e a doutrina imprecisa por teoria científica. É verdade que a sociologia é uma ciência subdesenvolvida, porém também é certo que finalmente entrou no bom caminho, o da ciência.

As ciências sociais estão inseridas entre a Filosofia e a ideologia. Se a Filosofia for rigorosa e estiver em dia com a ciência, sua influência será positiva. Porém, se for dogmática, limitando-se a repetir e comentar em lugar de propor-se novos problemas e adotar técnicas novas, então sua influência sobre a ciência será nefasta, impedindo-a de avançar.

Outra questão não é afastar a sociologia da ideologia, mas aparelhá-la com uma ideologia esclarecedora e a serviço do povo, através de uma união fértil e útil à sociedade.

O problema do saneamento do vocabulário sociológico não se resolve com a escrita de um novo dicionário de ciências sociais, mas com teorias exatas, profundas e comparáveis sobre fatos sociais.

- Dependência – Em realidade, existem graus de dependência sob determinados aspectos.
- Causalidade e Possibilidade – Muitos afirmam que é mais adequado falar de acontecimentos ou de circunstâncias que tornam possível outros fatos, ao invés de dizer que os causam, o que nem sempre pode ser feito. Exemplo: a probabilidade unitária da morte não significa que o nascimento seja sua causa.
- Decisão – A teoria da decisão permite a matematização das ciências sociais.
- Definição Operacional e Indicador – O que á chamado de definição operacional não é nenhum dos dois, mas simplesmente uma relação entre variáveis inobserváveis, de uma parte, e observáveis ou mensuráveis de outra. As segundas agem como indicadores ou índices das primeiras, como o nível das bolsas para a economia do país, que não é um conceito, mas um estado.
- Estrutura e Estruturalismo – Em sentido estrito, estrutura é um conjunto arbitrário de elementos dotados de uma ou mais relações, operações ou funções.
- Exploração – É uma noção qualitativa e pouco clara que pode ser quantificada e esclarecida sem dificuldade em termos de conceitos de custo e benefício, clássicos da Economia.
- Grupo Social – Uma comunidade que consta de um conjunto de pessoas ligadas por relações sociais, que podem ser de equivalência.
- Ideologia – São religiosas e sócio-políticas. A segunda é uma visão do mundo social: um conjunto de crenças referentes à sociedade, ao lugar do indivíduo na sociedade, à organização da comunidade e ao controle político da mesma. Já uma teoria socio-política é constituída de hipóteses, não de afirmações dogmáticas, e não contém juízos de valor nem programas de ação. Em geral, uma ideologia não é produto de uma investigação básica nem se modifica com os resultados desta, sendo resistentes às novidades científicas (até aqui – ideologias não-científicas). Ainda não existem ideologias plenamente científicas, além do que a ciência social nunca está livre de ideologia.
- Infra-Estrutura e Superestrutura – A primeira ligada ao material e a segunda ao ideal ou cultural (dualismo entre o corpo e a alma). Essa divisão não tem nenhuma utilidade heurística. Muito mais sugestiva é a distinção de três subsistemas em qualquer comunidade, por primitiva que seja: econômica, política e cultural.
- Lei e Causa – As leis não são causas e não têm efeitos.
- Lógica dos Fatos – Não há, a rigor, lógica dos fatos (uma idealização impossível), assim como não há física dos conceitos. O que há são mecanismos dos fatos.
- Matemática e Ciências Sociais – Os cientistas sociais precisam utilizar-se da matemática muito mais do que simplesmente como ferramenta de tratamento de dados de campo (tratamento estatístico).
- Método Dialético – Não existe método, mas um enfoque de problemas, típico de uma etapa primitiva de pensamento, que precede a busca de pautas objetivas, que raras vezes são polares.
- Polaridade – A ciência moderna mostrou que a realidade não cabe dentro dos esquemas polares: os sistemas polares são a exceção, não a regra.
- Sentido e Significação dos Fatos – Sentido pode ser substituído por finalidade e a significação dos fatos pode ser trocada, em alguns casos, pela contribuição dos fatos.
- Sociologia Subdesenvolvida e Avançada – Os trabalhos que se ocupam do subdesenvolvimento raras vezes atingem um nível científico moderno.
- Sociologia Latino-Americana – Normalmente sua produção sociológica apresenta diversos defeitos conceituais, abusando de noções obscuras e imprecisas, sendo as hipóteses que as fundamentam também obscuras, imprecisas e dificilmente comprováveis. Como consequência da debilidade metodológica, as “interpretações” não fornecem descrições exatas da situação de dependência ou do processo de desenvolvimento. Na melhor das hipóteses, esses trabalhos constituem um ponto de partida para uma pesquisa rigorosa e, na pior, são trabalhos jornalísticos quando não ideológicos. Deveriam ser pesquisados dados relevantes para teorias bem formuladas.
- Teoria, Quadro Teórico, Doutrina, Interpretação – Nas ciências sociais há uma tendência de dignificar com o nome de teoria qualquer amontoado de opiniões, por desconexas e infundadas que sejam, quando são meros quadros teóricos ou doutrinas. Quadro teórico é um conjunto de proposições referentes a um mesmo domínio contendo certos conceitos que constituem um corpo homogêneo, sendo fechado com relação às operações lógicas. Uma doutrina é um corpo de ideias suscetível de ser transmitido ou ensinado, enquanto uma teoria é uma doutrina de ideias logicamente organizadas. É frequente em Sociologia chamar-se de interpretação o que denominamos doutrina.
- Teoria Geral e Específica, ou Modelo Teórico – A geral refere-se a um gênero, a específica e uma espécie.
- Tipo Ideal – Expressão ambígua que é duvidoso que convenha conservá-la.
- Valor e Objeto Valioso – Somente existem objetos valiosos, ou seja, com valores em seus aspectos.

No caso das ciências sociais, o problema é que existem poucas teorias e muitas doutrinas ou opiniões. Existe também uma notória resistência à teorização, devido a uma filosofia antiquada que confunde teoria científica com especulação desenfreada.


FILOSOFIA DA TECNOLOGIA

6. Tecnologia e Filosofia

Em que poderia interessar a Filosofia aos tecnólogos? Em nada, a julgar pela falta de cultura filosófica da maioria dos tecnólogos, mas sua pesquisa tem pressupostos filosóficos. Por outro lado, em que poderia interessar a tecnologia aos filósofos? Em quase nada, a julgar pelo desinteresse – e às vezes ódio – pela tecnologia de que fazem alarde quase todos os filósofos.

A Filosofia da Tecnologia ainda é raquítica, em boa parte porque os filósofos da tecnologia mais conhecidos confundem a tecnologia com os efeitos nocivos de suas aplicações, limitando-se a declarar de que a tecnologia – produto tipicamente humano – “desumaniza o homem”. Outros confundem tecnologia com ciência e deixam de notar as peculiaridades de uma e de outra. Porém a maioria pretende ignorar a Filosofia da tecnologia.


Definição de Tecnologia

Em português e em outros idiomas dispomos de duas palavras, técnica e tecnologia, e sabemos distinguir bem os conceitos que designam. Habitualmente, entende-se por tecnologia a técnica que emprega conhecimento científico. Em sua maioria os dicionários não distinguem a tecnologia moderna da Engenharia. Se aceitarmos esta igualdade, não saberemos onde situar disciplinas que não participam da produção. Para evitar dificuldades deveríamos adotar uma definição de tecnologia capaz de abranger todos os ramos supervenientes. Isso pode ser atingido se forem caracterizados os fins e os meios da tecnologia, tal como na seguinte:

“Um corpo de conhecimentos é uma tecnologia se, e somente se, (i) é compatível com a ciência contemporânea e controlável pelo método científico, e (ii) é empregado para controlar, transformar ou criar coisas ou processos, naturais ou sociais.”

Todas as tecnologias tradicionais – as engenharias e as tecnologias biológicas – têm algo em comum com a ciência, á parte o método. Ao contrário, algumas das tecnologias novas, tais como a pesquisa operacional e a informática, apenas partilham com a ciência seu método. A definição contém o conceito de método científico, que às vezes é mal compreendido (como se fosse autônomo) ou até rejeitado (como se fosse prejudicial à ciência).


Ramos da Tecnologia

- Materiais – Físicas, Químicas, Bioquímicas e Biológicas.
- Sociais – Psicológicas, Psicossociológicas, Sociológicas, Econômicas e Bélicas.
- Conceituais – Informática.
- Gerais – Teorias de Sistemas.

Esta lista pode ser completada. Note-se que os dois últimos gêneros apresentam uma única espécie. A última, uma colcha de retalhos em que se encontram todas as teorias hipergerais nascidas nos últimos decênios, teorias que ignoram os detalhes materiais dos sistemas para concentrar-se em seus aspectos estruturais, constituindo grande contribuição da tecnologia à ontologia.


Os Vizinhos Mais Próximos da Tecnologia

Nenhum ramo da tecnologia está isolado e nenhum surgiu do nada. A tecnologia moderna cresce na mesma terra que ela fertiliza: a civilização industrial e a cultura moderna. Todo ramo da tecnologia às vezes também pressupõe, além do conhecimento ordinário e algumas habilidades artesanais, conhecimento científico e sempre conhecimento matemático. A tecnologia está enraizada em outros modos de conhecer. Não é um produto final, ao contrário, está metamorfoseada na prática técnica e na perícia do médico, professor, administrador, financista ou especialista militar. Nem tudo é puro na tecnologia, como demonstra o quadro da página 189.


O Cerne Conceitual da Tecnologia

Onde quer que haja procura racional no conhecimento, há Filosofia. Os ingredientes filosóficos da tecnologia passam despercebidos porque não se olha para onde se deve olhar, que não é a prática técnica nem o produto do processo tecnológico, mas a investigação tecnológica, de um lado, e a formulação de políticas e a tomada de decisões, do outro. Tais são as zonas de maior densidade conceitual do processo tecnológico e, portanto, onde devem ser lançadas as redes para pescar ideias filosóficas, especialmente gnosiológicas.

Em qualquer processo tecnológico de alto nível, tanto os pesquisadores tecnológicos como os administradores ou dirigentes utilizam numerosas ferramentas conceituais. No caso de serem inovadores ou criativos, os pesquisadores e decisores tentarão ou mesmo inventarão novas teorias ou novos procedimentos. Em suma, a tecnologia não está separada da teoria nem é mera aplicação da ciência pura: tem uma componente criativa particularmente manifesta na pesquisa tecnológica e no planejamento de políticas tecnológicas.

Do ponto de vista metodológico, a pesquisa tecnológica não difere da investigação científica, sendo a pesquisa orientada em direção as metas, embora sejam estas diferentes. A finalidade da investigação científica é a verdade pela própria verdade, enquanto a meta da investigação tecnológica é a verdade útil a alguém.

O aspecto conceitual do processo tecnológico é descuidado ou ignorado por aqueles que não veem diferença entre tecnologia e a sua prática ou seus produtos materiais. Para distinguir os componentes filosóficos da tecnologia devemos distinguir as diversas etapas do processo tecnológico e concentrar nossa atenção naquelas de maior densidade conceitual, que são a investigação e a formulação de políticas.


O Fundamento Gnosiológico da Tecnologia

A tecnologia partilha com a ciência um conjunto rico de interessantes hipóteses referentes à natureza e alcance do conhecimento. Eis alguns dos princípios gerais:

- A realidade é cognoscível, mesmo que apenas parcialmente.
- Qualquer conhecimento dela pode incrementar-se pela investigação científica.
- Existem diversas fontes ou modalidades do conhecimento: a experiência sensível, a intuição, a ação, a razão, e possivelmente algumas outras,
- As teorias científicas são representações de objetos que se supõe serem reais.
- O grau de verdade das teorias científicas é estabelecido (provisoriamente) somente com auxílio de observações e experimentos.

Tais hipóteses pertencem à doutrina realista. O tecnólogo clássico em geral também era um realista ingênuo, no sentido que tomava suas representações da realidade por reproduções dos objetos representados. O tecnólogo moderno continua sendo realista, mas do tipo crítico. Ele observa que nossas teorias científicas não são reproduções exatas e sim representações simbólicas que estão longe de captar todos os detalhes e que muitas vezes, longe de serem profundas, ocupam-se exclusivamente de alguns aspectos externos. O tecnólogo moderno sabe que suas teorias são simplificações ou idealizações da realidade, contendo componentes carentes de contrapartida real.

Este realismo crítico inerente à tecnologia em geral encontra-se matizado e às vezes até mesmo deformado por uma atitude marcadamente pragmática, normal em indivíduos empenhados em obter antes resultados práticos que verdades profundas sem utilidade imediata. Para o tecnólogo: a realidade é a totalidade dos recursos e dos produtos, e o conhecimento factual é o objetivo da pesquisa básica, para controlar o fragmento da realidade que o interessa.

O cientista procura conhecer por conhecer, enquanto o tecnólogo procura conhecer para fazer. Devido a esta atitude pragmatista, o tecnólogo tenderá a não se preocupar com qualquer setor da natureza ou da sociedade que não seja recurso ou não prometa converter-se em recurso. Pela mesma razão, é propenso a desinteressar-se de qualquer setor da cultura quer não prometa converter-se em instrumento para atingir seus fins. O que não é desastroso, desde que seja suficientemente aberto de espírito para tolerar aquilo que põe de lado.


O Tecnólogo e a Verdade

Embora na prática adote a concepção realista da verdade (fatual), o tecnólogo nem sempre se interessa pela verdade das proposições com que lida. Ele se interessará pelas informações, hipóteses e teorias verdadeiras na medida em que conduzam às metas desejadas. Em geral, preferirá uma semiverdade simples a uma verdade mais complexa e profunda. Porém, a menos que seja um pseudo-tecnólogo, não evitará as teorias profundas e complexas quando prometam sucesso. O tecnólogo adotará um misto de realismo pragmatismo segundo suas necessidades, ou seja, filosoficamente é um oportunista.


O Fundamento Ontológico da Tecnologia

A tecnologia herdou a ontologia da ciência:

- Existe um mundo exterior ao sujeito cognoscente e atuante.
- O mundo é composto de coisas.
- Toda propriedade é de alguma coisa.
- As coisas se associam formando sistemas.
- Todo sistema, exceto o universo, interagem com outros em certos aspectos e acha-se isolado em outros aspectos.
- Toda coisa e sistema mudam.
- Nada surge do nada e nada se reduz ao nada.
- Toda coisa satisfaz a leis objetivas.
- Existem diversos tipos de lei que ligam propriedades no mesmo ou em diferentes níveis.
- Existem vários níveis de organização.

Além dessas teses gerais, há outras especificamente tecnológicas, genéricas e específicas de determinados ramos:

- O homem, com a ajuda da tecnologia, pode alterar certos processos naturais ou sociais de forma deliberada e de acordo com planos.
- Graças à tecnologia o homem pode criar ou destruir classes naturais.
- Uma vez que os artefatos estão sujeitos ao controle do homem, constituem um nível ôntico próprio caracterizado por propriedades e leis próprias.

As teorias gerais de sistemas são teorias muito refinadas (embora matematicamente simples) e extremamente gerais, tais como a teoria de controle e outras similares. Tais teorias podem situar-se tanto na tecnologia como na ontologia, pois ocupam-se de traços não específicos de gêneros e são interdisciplinares. Em segundo lugar, são independentes do tipo de material de que está formado o sistema em apreço e, portanto, não dependem de leis físicas ou químicas. Elas não são comprováveis em si mesmas, nem com dados empíricos, porque não formulam predições devido a sua generalidade.


Tecno-Axiologia

Qualquer ação humana é orientada para valores. Para o cientista todos os objetos concretos são igualmente dignos de estudo e desprovidos de valor. Já o tecnólogo divide a realidade em recursos, produtos e o resto.


O Dilema Moral do Tecnólogo

Tanto a pesquisa tecnológica como a básica têm um código de honestidade intelectual. A honestidade intelectual, porém, como ser um ingrediente importante da moral científica, tanto básica como aplicada, não a esgota, sendo preciso que se incorpore a chamada Regra do Ouro e suas consequências, o que deveria ser suficiente, embora não seja, para conseguir o controle ético das investigações científicas. Em sua maior parte as investigações em ciência básica não levantam problemas morais, sendo o controle moral na maioria dos casos, no máximo, leve e interno (dos próprios pesquisadores).

O mesmo não acontece com a tecnologia, onde podem ser impuros alguns meios de conhecimento, além de processos tecnológicos moralmente objetáveis, pois se propõe a práticas perversas. Ao contrário da pesquisa aplicada, a tecnologia pode ser uma benção ou uma maldição. Por isso precisamos submetê-la a controles morais e sociais. É preciso que tecnólogos e filósofos cuidem melhor da construção da uma tecno-ética.


Tecno-ética

Estudo dos códigos morais inerentes aos diversos ramos da tecnologia. Toda conduta humana é controlável e criticável à luz de um código de conduta em parte moral e em parte legal. Os processos tecnológicos têm sido guiados, e frequentemente extraviados, pelas seguintes máximas do tipo axiológico ou moral:

- O homem está separado da natureza e é mais valioso que ela.
- O homem tem o direito, e talvez também o dever, de subjugar a natureza em seu próprio benefício (individual ou social).
- O homem não é responsável pela natureza: poderá proteger seu irmão, porém não é guardião da natureza.
- A tarefa suprema da tecnologia é conseguir a exploração mais completa dos recursos naturais e humanos – ou seja, maximizar o PIB – ao menor custo possível, sem importar-se com mais nada.
- Os tecnólogos e técnicos não são moralmente responsáveis: seu dever é desenvolver suas tarefas sem deixar-se influenciar por escrúpulos estéticos ou éticos. Estes últimos são de responsabilidade exclusiva dos que formulam a política tecnológica, e muito especialmente os políticos.

Estas máximas constituem o cerne da tecno-ética que prevaleceu até agora em todas as sociedades industriais. A própria tecnologia não justifica tais máximas, porém elas serviram para que se usasse e abusasse da tecnologia. Ainda mais, esta moral não se desenvolveu dentro da ciência ou da tecnologia, mas em certas religiões, ideologias e filosofias, sobretudo as que consideram o desenvolvimento industrial como um fim.

Nestes últimos anos começamos a duvidar desta tecno-ética desenvolvimentista, porque suspeitamos que ela justifica o lado obscuro da tecnologia. Mas ainda não propusemos alternativa viável, que não rejeite as vantagens da sociedade tecnológica e industrializada. Está na hora de estudar uma nova ética da tecnologia voltada para metas diferentes, baseada no conhecimento da natureza e da sociedade, conhecimento que apenas se iniciava quando se formulou o código anterior, no início do século XVII. Precisamos de:

- Um código moral universal que poderia basear-se na Regra do Ouro;
- Um código moral individual para o tecnólogo – Que inclua o código moral da ciência, com normas morais que assegurem a procura e disseminação da verdade. Deveria levar em consideração os problemas morais característicos enfrentados pelo tecnólogo empenhado em alcançar metas não cognoscitivas. Essas normas deveriam assinalar o dever do tecnólogo de negar-se a participar de projetos que se proponham metas anti-sociais. Deveria ser compatível com
- Um código moral social que reja a formulação de políticas de investigação e desenvolvimento tecnológicos. Deveria condenar a busca de metas socialmente indesejáveis e impor uma limitação drástica a qualquer processo tecnológico que interfira gravemente com outros desideratos. Não deveria ser elitista, nem desconsiderar as gerações futuras.

Não deveriam ser tolerados padrões éticos duplos – tão caros aos intelectuais e aos poderosos.


Conclusão: O Lugar da Tecnologia

Ninguém nega que a tecnologia tem um lugar central em qualquer civilização industrial, mas, às vezes, se nega que forme parte essencial da cultura intelectual contemporânea. De fato, há quem sustente que a tecnologia é alheia à cultura, até mesmo sua inimiga. E muito tecnólogos caíram na armadilha, com sua preocupação de “injetar alguma cultura” nos currículos. Esse lamentável erro revela uma incompreensão da riqueza conceitual do processo tecnológico, especialmente o do tipo inovador. É um erro que tem consequências funestas, uma vez que perpetua a formação de universitários de mentalidade pré-industrial que desprezam ou temem o que não entendem. Quando estes indivíduos atingem o poder em organizações estatais ou educacionais, tratam de reforçar o isolamento dos tecnólogos do resto da sociedade, confirmando assim sua imagem preconcebida e anacrônica de tecnólogo como bárbaro habilidoso que deve ser conservado no seu modesto lugar como provedor de conforto material. Esses letrados aprofundam o fosso que separa as diversas subculturas e perdem a oportunidade de contribuir para orientar o curso da tecnologia ao longo de um caminho benéfico à sociedade como um todo.

A cultura moderna apresenta como componentes principais: a ciência e a matemática (mais sólidos), a tecnologia e as humanidades, a arte e a ideologia (as mais brandas), e a filosofia ligando as quatro primeiras. Das sete áreas, a tecnologia é a mais jovem, razão porque nem sempre se perceba ser tão essencial como as outras. Ela é tão central que interage vigorosamente com todos os demais ramos da cultura (como também a filosofia).

Assim como na ciência, a tecnologias consome, produz e faz circular bens (e males) filosóficos. Concluímos que, devido à riqueza conceitual do processo tecnológico – em particular em suas etapas de investigação e de formulação de políticas – e aos múltiplos contatos entre a tecnologia e as demais componentes da cultura moderna, a tecnologia ocupa nela lugar central. Não podemos ignorar a integração orgânica da tecnologia com o resto da cultura se quisermos melhorar a saúde de nossa cultura, inclusive salvar sua vida. E não podemos nos dar o luxo de ignorar e muito menos desprezar a tecnologia se desejarmos controlá-la para evitar que sirva para fins perversos. Devemos então reforçar todas as disciplinas que tratam de tecnologia, em primeiríssimo lugar sua Filosofia (que não é a da ciência).


ENSINAMENTOS

7. Três Políticas de Desenvolvimento Científico

A ciência concreta denota a comunidade de pesquisadores científicos, enquanto a abstrata designa o conjunto de ideias que resultam da investigação, em ambos os casos consistindo em um sistema.

Quando uma organização estatal se propõe impulsionar o desenvolvimento científico necessita de fazer planos para isto, uma vez que os recursos disponíveis são limitados e existem certas metas. Há contudo, vários estilos de planejamento de desenvolvimento científico, cada um respondendo a uma determinada concepção da natureza da ciência e do seu lugar na sociedade, sendo que nem todos são razoáveis ou adequados à realidade. Distinguiremos três políticas de planejamento do desenvolvimento científico: o mecenato, seu oposto, o dirigismo, e o estilo que chamaremos de sistêmico.

O mecenato consiste em destinar recursos para pesquisa a quem os solicite, ou ao menos demonstre competência ou tenha boas conexões políticas. A concepção subjacente a tal política científica é da ciência como rainha da cultura, não como serva da sociedade ou companheira dos outros ramos da cultura. A rainha pode, se o desejar, dar-se ao luxo de viver numa torre de marfim, sendo preciso atender aos seus menores desejos.

O dirigismo, o planejamento segundo critérios precisos, é um planejamento de cúpula, sem a participação dos interessados, que são os próprios pesquisadores e os eventuais usuários dos resultados de suas pesquisas. A ciência como serva da sociedade ou de algum grupo social (a elite do poder econômico ou político).

O sistemismo, ou política de planejamento liberal traçada com a participação dos pesquisadores científicos e levando em consideração tanto a necessidade de desenvolvimento de todas as ciências como a necessidade da tecnologia, assim como a posição central da ciência na cultura contemporânea. Fundamenta-se na concepção de ciência como um dos subsistemas do sistema cultural, não sendo rainha nem serva, mas companheira dos outros ramos da cultura viva, que são a tecnologia, as humanidades e a arte. Características da política científica sistêmica:

- Integralidade – Deve abranger todas as ciências, estimulando o bom e o que faz falta.
- Modernidade – Nem toda pesquisa científica contribui para o progresso do conhecimento, podendo estar obsoletas.
- Moderação – Toda investigação científica deve ser planejada, mas deve admitir mudanças, ser flexível.
- Agilidade – A administração de recursos deve ser leve a ágil.
- Realismo – Na consideração dos recursos disponíveis, para evitar simulação e desilusão.
- Participação – Equilibrada dos cientistas e administradores na tomada de decisões, com a experiência da cada lado.


Conclusão

Há dois modos de impedir o desenvolvimento científico: deixar a iniciativa nas mãos dos pesquisadores individuais ou subordinar tudo à industrialização. Tanto o dirigismo de inspiração economista como o mecenato elitista têm sido desfavoráveis ao desenvolvimento científico.


8. Organização do Ensino da Epistemologia na América Latina

Existe na América Latina uma sede intensa e crescente de conhecimento, em particular científico e técnico. Ao mesmo tempo cresce a curiosidade por esse conhecer, ou seja, pelo aprofundamento na ciência da ciência. Discute-se sobre ciência da ciência em universidades e escolas politécnicas, em escolas preparatórias e em organismos públicos. Essas discussões surgem particularmente em considerações sobre as políticas de desenvolvimento de nossas nações.

A Epistemologia ocupa lugar privilegiado em tais discussões por ser a ciência da ciência (além da Psicologia, Sociologia, Política e História da ciência) que investiga a natureza do conhecimento científico e tecnológico. A Epistemologia é o eixo da ciência das ciências.

Assim, é preciso que o filósofo dedique maior atenção às tarefas científicas e tecnológicas e esmere-se em colaborar com os tecnólogos no tratamento dos problemas que inevitavelmente surgem no decurso das investigações científicas ou tecnológicas, assim como na aplicação dos seus resultados e na planificação do seu desenvolvimento, podendo contribuir para o desenvolvimento vigoroso e harmônico da ciência e da tecnologia de seu país. Ainda mais, poderá contribuir para recuperar a unidade da cultura, perdida há somente dois séculos.

Há três maneiras de conseguir a intensificação dos estudos epistemológicos: Promover a colaboração pessoal de filósofos e cientistas na discussão dos problemas de interesse comum a ambos; Organizar uma sociedade de Epistemologia; Organizar a profissionalização da Epistemologia.

Fonte: Mario Bunge. Epistemologia: Curso de Atualização. Universidade de São Paulo. 1980.

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